Caso Renan contamina rotina e paralisa o Senado

A crise em torno do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), ultrapassou os limites físicos do Conselho de Ética, quebrou a rotina do Senado e ameaça paralisar os trabalhos da Casa. Acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior e sob suspeita de usar documentos falsos em sua defesa, Renan perdeu desenvoltura política para circular pelos corredores e salões do Senado e até para receber autoridades estrangeiras.

Incomodado com o assédio da imprensa, ele mudou até o ritual de recepção a chefes de Estado de outros países. Foi assim na semana passada, quando recebeu a presidente da Letônia, Vaira Vike Freiberga, e na quarta-feira, com a visita do presidente da República Dominicana, Leonel Fernandez Reyna. Em vez de recepcioná-los com pompa no Salão Nobre do Congresso, como de praxe, optou por uma acolhida a portas fechadas, em seu próprio gabinete. Foi o retrato do isolamento em que ele se encontra, descreveu mais tarde um peemedebista que testemunhou parte da reunião com Vaira.

Enquanto o peemedebista lamentava a ?recepção tímida? aos chefes estrangeiros, parlamentares como Jefferson Péres (PDT-AM) protestavam contra o uso da estrutura do Senado na defesa de seu presidente e alertavam para o risco de isso ?contaminar? a instituição. A queixa era contra o deslocamento da secretária-geral da Mesa Diretora, Cláudia Lira, do advogado do Senado, Alberto Cascais, e do secretário de Controle Interno, Shalom Gramado, para assessorar a defesa de Renan no Conselho de Ética.

?Todo processo de grande repercussão altera mesmo a rotina da Casa?, disse o senador Renato Casagrande (PSB-ES), ao admitir que a crise em torno do presidente também começa a dificultar o quórum em reuniões do plenário e das comissões técnicas. ?Matérias importantes e prioritárias ficam em segundo plano e, se esse processo se prolongar, não vai ter jeito: a Casa vai viver exclusivamente em função desse processo.?

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