Caso do engenheiro brasileiro continua sem solução

Rio – Isabel de Vasconcellos el Khouri, irmã do engenheiro João José de Vasconcellos Jr., desaparecido no Iraque desde o dia 19 de janeiro, tenta há pelo menos três meses sem sucesso uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até ontem não havia recebido qualquer resposta. Ao pedir ajuda do Itamaraty, ouviu que deveria enviar um pedido formal ao Planalto.

Ela se diz magoada com o presidente e cobra dele empenho e um pedido público em nome da libertação do brasileiro seqüestrado por insurgentes iraquianos, a exemplo do que fizeram o presidentes francês Jacques Chirac e o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, pela liberação de duas jornalistas de seus países. Até agora, somente o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, fez apelos públicos.

?Minha mágoa é que eu queria que Lula acordasse um dia como líder metalúrgico. Tenho certeza de que num palanque do ABC ele diria uma palavra. Como presidente, não faz nada?, disse Isabel, que mora em Juiz de Fora (MG). ?Quando morre uma americana como a irmã Dorothy Stang na Amazônia, o presidente se levanta?, queixou-se. ?Argumentei que esse assunto requer urgência, não pode ser tratado como algo burocrático, mas não consegui?, criticou Isabel. Ela contou que soube por acaso, no último dia 7, da volta ao Brasil do embaixador Afonso Ouro Preto, encarregado de fazer as buscas ao brasileiro no Iraque a partir da embaixada brasileira em Amã, na Jordânia. ?Ao ligar para o Itamaraty para pedir informações, revelaram-me que Ouro Preto estava de volta há um mês e sequer procurou a família. Ele me ligou e perguntou se queria que viesse a Juiz de Fora. Respondi que ele tinha obrigação de ter vindo assim que chegou, mesmo para dizer que não conseguiu nada. Vir agora é o mesmo que ler jornal velho?, comparou.

A irmã do brasileiro contou que teve uma conversa dura com Ouro Preto, na qual ambos se exaltaram. ?Eu chorei muito. Ele me perguntou se eu não soube da volta dele pela Odebrecht ou pela imprensa. Respondi que sou cidadã, pago impostos para o governo e não para a empresa onde João trabalha. É obrigação do governo se empenhar e dar um retorno à família?, lembrou.

Para Isabel, o Itamaraty não sabe o que fazer para encontrar João. Segundo ela, cinco meses depois, não houve qualquer informação concreta sobre onde e como está o engenheiro. Isabel disse ainda que nenhum boato de que ele estaria morto foi confirmado. ?A Odebrecht, pelo menos, eu sei que continua lá. O Itamaraty parece mais desinformado do que a nossa família. Estou sempre cobrando e pedi a eles que não me obrigassem a cobrar através da imprensa.?

Oficial de Justiça, Isabel está afastada do trabalho por causa de depressão. Ela conta que os pais, João José e Maria de Lourdes, estão muito abalados. ?Minha mãe sofreu um desmaio na rua, fraturou um braço e teve de ser operada. O estado físico a deixa ainda mais fragilizada. A dor do meu pai é o silêncio, ele quase não conversa. A gente só reza.? 

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