Um caso de botulismo, doença rara causada pela bactéria Clostridium botulinum, está sendo tratado e investigado por uma equipe médica do hospital Samaritano, em Sorocaba. A paciente, a comerciante Lindinalva Damasceno Cominatto, está internada desde o dia 2 de novembro na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Ela teria adquirido a doença ao consumir uma conserva caseira de sardinha.
Por se tratar de um caso extremamente raro – a literatura médica brasileira registra apenas 40 ocorrências – a equipe do hospital estuda e registra o desenvolvimento da doença e a reação da paciente aos medicamentos. Na cidade, é um caso inédito. Uma das questões mais intrigantes é o fato de que várias pessoas da família consumiram a conserva e apenas Lindinalva adquiriu a doença. De acordo com o coordenador médico da UTI do hospital, José Eduardo Marcondes, isso pode ter acontecido porque somente parte do alimento em conserva tinha a bactéria.
Lindinalva começou a passar mal e foi internada com diagnóstico de crise nervosa. Ela estava agitada, respirava com dificuldade e, já no hospital, sofreu uma parada respiratória. Houve dificuldade, inicialmente, em um diagnóstico preciso. O antídoto a antitoxina botulínica, só foi aplicado no quinto dia de internação. O laudo do Instituto Adolfo Lutz que confirmou o botulismo demorou quase um mês para ficar pronto. A paciente ficou com o corpo paralisado e está sendo submetida a sessões de fisioterapia. Ainda não há previsão de alta.
Além da ingestão de alimentos contaminados pela bactéria, o botulismo pode ser contraído por meio de ferimentos. Nesse caso, a bactéria entra diretamente na corrente sanguínea. Mas a forma principal de contaminação, através da alimentação, pode ser prevenida com cuidados quanto à procedência, sobretudo de alimentos em conserva.