Dez anos após a morte do engenheiro Fernando Caldeira de Moura Campos – ejetado do avião da TAM onde uma bomba explodiu em julho de 1997 – a família da vitima já não acredita mais em punição dos responsáveis. O professor Leonardo de Castro foi acusado de colocar o explosivo na aeronave, mas por ter sido atropelado três dias depois, foi considerado "demente" e hoje vive livre no interior de Minas Gerais.
Para o irmão de Fernando, o engenheiro Kramer Caldeira, a impunidade incomodou no começo, mas a família acabou se acostumando. "A dor de perder um irmão até hoje é a mesma. Mas se eu for pensar que esse professor não pagou e nem vai pagar pelo que fez, fico louco. Isso é apenas um reflexo do País que vivemos", lamentou o empresário, que mora em São Sebastião, Litoral Norte Paulista. A mulher e as filhas de Fernando, que residem em São José dos Campos, Vale do Paraíba, nunca mais falaram com a imprensa. "Temos de respeitar a posição delas. Posso falar por mim", disse o empresário, dono da pedreira Krafer, nome dado pelo pai da vítima, Wilson, em homenagem aos dois filhos, em 1968.
"Éramos só nos dois. E meu pai, infelizmente morreu dez meses depois do meu irmão". O empresário Wilson Caldeira morreu vítima de um câncer linfático. "Meu pai não conseguiu nem ir ao enterro. Ficou tão mal que desenvolveu um câncer e dez meses depois também morreu, infelizmente". Também por conta do desgosto, a mãe de Fernando, Zayda Caldeira, também teve problemas de saúde alguns anos depois. "Três anos depois ela teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e hoje não anda nem fala. Quem pagou pela morte fomos nós. O professor não pagará".
O empresário Kramer também questiona quem estaria financiando a defesa de Castro. "Como professor que era, não teria salário para bancar um bom advogado, como teve e ainda tem. E ninguém faria isso por caridade. Gostaria muito de saber quem banca o advogado dele. É uma questão que sempre levanto".
Há dois anos promotores do Ministério Público Federal chegaram a entrar em contato com Kramer para informar sobre o possível julgamento de Castro. "Me ligaram dizendo que o julgamento iria acontecer em alguns meses, mas que nunca tinham feito um julgamento por crime de morte no âmbito federal. Depois não falaram mais nada". Fernando está enterrado no cemitério Horto São Dimas em São José dos Campos.