Caso Banestado chocará mais que impeachment de Collor

Delegados da Polícia Federal divergiram hoje sobre o caso Banestado durante depoimento à Comissão de Segurança Pública da Câmara Federal. Os deputados que integram a Comissão reiteram a urgência da instalação da CPI ? que já foi criada ? para trazer a verdade à tona.

Os delegados vieram esclarecer o envolvimento de empresários e políticos brasileiros na remessa ilegal de cerca de US$ 30 bilhões para o exterior por intermédio do Banestado, na chamada operação Macuco. A investigação revelou que, entre 1996 e 1999, os US$ 30 bilhões passaram pela agência do banco nos Estados Unidos com destino a paraísos fiscais, denotando crimes de lavagem de dinheiro e evasão fiscal.

RESULTADO SERÁ CHOCANTE
O delegado José Castilho Neto disse que as investigações sobre a remessa ilegal podem chocar muito mais o País do que o impeachment do presidente Collor. Segundo ele, grande parte desse dinheiro foi enviada, de Foz do Iguaçu, por políticos e grandes empresários para uma agência do Banestado em Nova Iorque. As contas bancárias teriam sido abertas por chamados “laranjas” do esquema – alguns, simples agricultores do Paraná.

O delegado fez parte da força-tarefa que trabalha no caso em Brasília, com o procurador-geral da República Luiz Francisco de Souza, mas foi afastado do caso nesta semana, sob a acusação de prejudicar um acordo de cooperação entre Brasil e Estados Unidos. José Castilho nega a acusação.

Ele disse ter descoberto a ponta do iceberg em investigação na agência do Banestado em Nova Iorque, mas que precisa de apoio político para prosseguir com o trabalho. E afirma que a mudança de policiais nessa investigação poderá ser um fator de atraso para o esclarecimento do caso.

ENVOLVIDOS DESCONHECIDOS
As declarações foram contestadas por um companheiro de investigação. O delegado Antônio Carvalho disse aos deputados que o valor não é US$ 30 bilhões, e que grande parte dos envolvidos no esquema não é de políticos e empresários, mas sim de doleiros.
Em sua opinião, são necessárias provas mais formais para incriminar alguém na operação. De acordo com ele, quando a equipe esteve em Nova Iorque, não conseguiu trazer provas que incriminassem os culpados.

O presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), afirmou que o mais importante é que ambos corroboram um rombo, “que tem de ser investigado até o fim, mesmo que por meios distintos”, avalia.

Os depoimentos dos delegados da Polícia Federal aumentaram o interesse dos deputados da Comissão de Segurança de instalar a CPI do caso Banestado. Falta ainda a indicação dos membros do PP, PCdoB e PDT para que ela comece a funcionar. A instalação esbarra também no receio do Governo de que uma nova CPI prejudicaria a discussão das reformas Tributária e da Previdência. (Agência Câmara)

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