São Paulo – Uma briga na escola, uma fotografia rasgada e um telefone quebrado. Esses seriam os motivos que levaram o caminhoneiro José Maurílio Soares Nascimento a surrar o enteado, Bruno Gabriel Ferreira Silva, de 5 anos, até matá-lo, no dia 9, no Guarujá, no litoral sul de São Paulo. Para encobrir o crime, ele confessou ter atirado o corpo no dia seguinte de uma ribanceira de 15 metros, na Rodovia Mogi-Bertioga.
A mãe de Bruno, Andréa Cristina Ferreira, 21, estava junto nesse momento. No domingo, o casal passou o Dia das Mães em casa. Mas fugiu para a casa de um amigo, em São Bernardo, na Grande São Paulo, no dia seguinte. Quinta-feira, a polícia recebeu denúncia anônima e os prendeu. Eles moravam no distrito de Vicente de Carvalho e estavam juntos há quatro anos. Bruno era filho da primeira união de Andréa. Com Nascimento, ela teve uma filha, de 1 ano e 10 meses.
No dia do crime, Bruno, que era hemofílico, voltou da escola com o rosto inchado. Havia brigado. Nascimento não tinha chegado em casa ainda, mas estava voltando de uma viagem a Petrolina (PE). Mesmo longe, o menino tinha medo dele. “Dava minhas broncas pelo telefone e Bruno me obedecia”, contou. Por precaução, o menino arrancou o fio do telefone. Fez isso também para que a mãe não contasse ao marido que havia rasgado uma foto do padrasto.
Mangueira
Nascimento chegou de Petrolina às 18h, pediu à mulher que lavasse o caminhão e foi falar com o menino. “Peguei a mangueira e bati nele”, disse. Bruno teria retrucado: “Nem doeu.” Ele bateu de novo. Pouco antes da hora do jantar, a mãe mandou Bruno tomar banho. Ela ficou na cozinha e o marido, na sala para trocá-lo. “Ouvi um barulho, como se alguém levasse uma pancada na cabeça”, disse a mãe. Na madrugada de sábado, Bruno morreu.
Nascimento foi até a casa de um amigo e pegou o carro emprestado. Colocou o corpo no banco traseiro. A mulher ficou no do passageiro, com a filha. Antes de chegar à ponte, no Jardim Progresso, o caminhoneiro parou numa lanchonete. “Não sei por que comprou fósforos, se não fuma”, disse Andréa. Depois, desceu do carro e jogou o corpo no barranco. “Quando vi meu filho morto, fiquei desesperada. Tive vontade de ligar para a polícia, mas não podia”, contou a mãe.
Cadeia
Quinze homens do Grupo Armado de Repressão a Roubo e Assalto (Garra) de São Bernardo cercaram a casa do amigo de Nascimento. O casal deve ir para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente. “Bati no menino, mas não era para matar”, disse o padrasto. Ele confessou que jogou o menino na ribanceira, mas alegou que foi a mulher quem pediu para ele “sumir” com o corpo.