O presidente do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG), Marfan Martins Vieira, disse nesta quinta-feira (14) que as investigações sobre o uso indevido dos cartões corporativos não devem servir de pretexto para que o instrumento seja execrado. "Não vamos execrar o cartão porque isso equivaleria à história do marido que apanhou a mulher em flagrante adultério e mandou retirar da sala o sofá. Isso não resolve o problema", afirmou Vieira, para quem a utilização dos cartões é vantajosa, pois permite maior grau de transparência dos gastos.
"O mau uso depende das pessoas", observou. "Na verdade, a idéia do cartão corporativo é uma idéia muito boa, tanto é que teve grande adesão. Até mesmo na órbita do Ministério Público Federal (MPF) ele foi implantado". Vieira, que é chefe do Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro, porém, disse que o instrumento não foi adotado pelo MP de seu Estado "por uma questão de opção interna".
Recentemente, o MPF anunciou que vai limitar saques em espécie feitos por intermédio dos cartões corporativos nas unidades administrativas da União, Estados e Distrito Federal. O procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, determinou que saques em dinheiro não ultrapassem 30% do total das operações efetuadas. Antes havia sido revelado que servidores do MPF e da Justiça Federal gastaram R$ 2,1 milhões em 2007 por intermédio de cartões, sendo que os saques na boca do caixa representaram cerca de 60% desse total.
