Brasília (AE) – A insatisfação dos militares da Força Aérea com a condução da crise no sistema de controle do tráfego aéreo, que levou o caos aos aeroportos depois do acidente com o avião da Gol, no qual morreram 154 pessoas, começa a se refletir em mensagens e cartas de queixas contra os superiores, como a distribuída, ontem, pelo presidente do Clube da Aeronáutica, brigadeiro Ivan Frota.
Na carta, Frota critica não só o ministro da Defesa, Waldir Pires, pelos seus ?ingênuos pronunciamentos? e por ele ter aberto processo de entendimento direto com os controladores, ?fulminando? a hierarquia e disciplina, mas também o comandante da Aeronáutica. ?Quando se esperava que enérgicas sanções disciplinares fossem aplicadas aos militares grevistas, eis que se divulga, paradoxalmente, a exoneração dos dirigentes maiores do sistema de controle de tráfego aéreo?, destacou o brigadeiro Ivan Frota, condenando a atitude do comandante da Força Aérea, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, sem citar seu nome.
Frota se referia ao afastamento do comandante do Cindacta 1, coronel Lúcio Rivera, nas vésperas do feriado de 15 de novembro, quando houve o segundo apagão aéreo em menos de duas semanas, e do diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, brigadeiro Paulo Roberto Vilarinho, na quinta-feira da semana passada. O brigadeiro Frota critica ainda Bueno e Pires, ao ressaltar que ?no tocante à carência de controladores de vôo, as instâncias governamentais superiores não se sensibilizaram com os alertas que foram, comprovadamente, expedidos pelos órgãos competentes do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (Sisceab)?. Ele se referia aos documentos divulgados pela imprensa, enviados no início do ano pelo próprio brigadeiro Vilarinho, afastado do cargo pelo comandante da FAB, que alertava para a falta de pessoal e problemas nos equipamentos do Cindacta IV, da Amazônia, área onde ocorreu o choque entre o Legacy e o Gol, no dia 29 de setembro.