O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta quarta-feira que pediu à Polícia Federal (PF) para acompanhar as manifestações contra o aumento das passagens de ônibus, em São Paulo e no Rio, que deixaram um rastro de vandalismo nas duas capitais. “É muito triste e lamentável ver uma situação como essa. Eu solicitei à Polícia Federal uma análise sobre o ocorrido, na perspectiva de, se necessário, ajudar os Estados”, afirmou.

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“Vivemos num Estado democrático, que permite a liberdade de manifestação e de opinião, mas nunca a prática de atos de vandalismo, abusos e danos ao patrimônio público.” Cardozo negou, porém, que a Força Nacional de Segurança tenha sido acionada para conter a onda de vandalismo. Em São Paulo, manifestantes do Movimento Passe Livre fizeram na terça-feira, 11, o maior e mais violento protesto contra o aumento das tarifas de ônibus. Houve depredações, queima de ônibus, bloqueio de ruas e confronto com a Polícia Militar no centro e na Avenida Paulista. No Rio, ativistas de movimentos sociais atiraram pedras até em igrejas, na noite de segunda-feira, 10.

“A Força Nacional só pode ser acionada quando o governador pede. Não posso me imiscuir na competência estadual. Até o momento, os fatos configuram ilícitos cuja investigação é das polícias estaduais”, argumentou o ministro da Justiça.

Em entrevista publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, no domingo, 9, Cardozo disse que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) está “politizando” a segurança pública em São Paulo. A crítica foi feita na esteira de declarações do governador, para quem a violência em São Paulo é agravada pela falta de controle do governo federal sobre as fronteiras.

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“Nosso trabalho é permanentemente de parceria”, rebateu Alckmin, na segunda-feira, em Paris. “Nosso compromisso é arregaçar as mangas e trabalhar até o término do mandato.”

As estocadas de Cardozo na direção de Alckmin foram interpretadas pela cúpula do PSDB como um sinal de que ele pretende conquistar apoio para ser indicado candidato do PT ao governo paulista. O ministro nega. “Sinceramente, não tenho projeto pessoal de disputar eleição”, garantiu. Até agora, o nome mais cotado nas fileiras do PT para enfrentar Alckmin, no ano que vem, é o do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O problema é que a área da saúde não é hoje um cartão de visitas. Ao contrário: apresenta muitas dificuldades e Padilha ainda não tem uma marca para exibir em 2014.

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A solução do impasse para a definição do desafiante de Alckmin passará pelo crivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff, até o mês que vem. Seja quem for o candidato, no entanto, é consenso em todos os partidos que a segurança será um tema muito importante na campanha eleitoral.