A maioria dos candidatos ouvidos pelo jornal “O Estado de S. Paulo” em Sorocaba reclamou de ter sido difícil e até “seletiva” a prova deste domingo, 11, do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os estudantes tiveram de responder às questões de Matemática e Ciências da Natureza, incluindo Biologia, Física e Química. “Matemática é uma ciência exata, mas as questões foram formuladas de forma pouco objetiva”, disse Cleiton Dutra, de 38 anos, que saiu do ensino médio há mais de 15 anos e já fez o Enem em 2014. “Não tinha clareza, precisava ler o enunciado mais de uma vez para entender.”
O candidato Jonathas Camargo, de 25 anos, e que prestou seu terceiro Enem, disse que as provas estão cada vez mais difíceis e seletivas. “As questões de Matemática e Física foram uma palhaçada, parece que foram direcionadas para quem fez cursinho. Quem sai do ensino médio em escola pública não tem a menor chance”, reclamou. Ele concluiu o ensino médio há cinco anos, mas já fez um ano de Engenharia Civil. “Causa revolta, pois parece que a intenção é obrigar a fazer cursinho. Não cai nada do que ensinam em escola pública. Estou cursando ensino superior e acho que vou ter de fazer cursinho para ir bem no Enem.”
Lais Stefanie, de 19 anos, também achou o Enem deste ano mais difícil que no ano passado. “É o terceiro (Enem) que faço e, apesar de estudar muito, o nível de dificuldade tem aumentado, sobretudo na área de Ciências. No ano passado, estava mais fácil.” Ela já cursa Administração e tenta bolsa. Em seu primeiro Enem – ele está concluindo o terceiro ano do ensino médio -, Thiago Luz, 16 anos, considerou as questões de Matemática muito difíceis. “Algumas estavam confusas, mas acho que fui melhor na parte de Ciências.” Concorrendo ao curso de Farmácia, ele havia prestado Enem em 2017 como treineiro. “Não fiz cursinho, mas estudei muito pelo Youtube”, disse.
São Paulo
Em São Paulo, a sensação foi semelhante. Na Unip Vergueiro, região central de São Paulo, a estudante Suellen Lopes, de 25 anos, foi a primeira a deixar o local de prova do Enem neste domingo. Eram 15h30. “Nada que eu estudei caiu. Chutei 80% da prova”, comentou. Suellen saiu apressada: estava com dor de cabeça e se dizia “meio zonza” com as questões de Matemática e Ciências da Natureza. “Eu faço Enem desde os 18 anos, e este estava muito difícil, tinha muito texto”, avaliou a estudante, que concorre a uma vaga em Administração. “Vi que não ia conseguir um bom resultado e desisti.”
“Havia questões fáceis e outras difíceis”, ponderou Marcelo Menezes, de 22 anos, que não soube citar um assunto ou pergunta específica da avaliação. Ele tenta Psicologia. “Mas acho que fui de mediano para bem.”
Já Lucas Capecce, de 18 anos, acha que se saiu melhor na semana passada. “Estas questões tinham muito texto, não dava para ler tudo. Eu pegava a fórmula e tentava resolver.”
Para o treineiro Carlos Alberto Costa, de 16 anos, chamou atenção uma questão de geometria espacial que abordava o Minecraft, um jogo eletrônico de construção com blocos. “Era fácil, perguntava qual peça estava faltando”, descreveu. “Achei bem engraçado. É interessante porque esse tipo de questão aproxima o aluno da prova.”
Segundo Carlos, a resolução da prova exigia interpretação de texto, raciocínio lógico e dedução. “As perguntas com cálculo eram as mais difíceis, mas foram minoria”, disse. O amigo Marco Antônio Verotti, também de 16 anos, concordou: “Foi uma prova com muita contextualização”. Ambos estão no segundo ano do ensino médio e planejam cursar Engenharia. “A prova da semana passada tinha mais assuntos considerados polêmicos, esta não”, disse o estudante Murilo Ferraz, de 25 anos, que tentou o Enem pela terceira vez. Quer passar em artes. “Por ser de exatas, esperava uma prova mais ‘dura’, mas teve muito texto.”