Parecia mais simples do que é. O Estado procurou canais de YouTube que agradassem a crianças e adolescentes, pais e especialistas. Encontrou, contudo, apenas uma unanimidade: o Manual do Mundo, criado em 2008 pelo jornalista Iberê Thenório, de 36 anos, e a terapeuta ocupacional Mariana Fulfaro, de 34. “Somos um canal de entretenimento educativo”, resumem.

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Com 1,7 bilhão de visualizações, o canal traz principalmente tutoriais, que vão de truques de mágica até a construção de um motor eletromagnético. A receita do sucesso? Linguagem informal e conteúdo atual (como a moda do spinner em 2017), tudo com consultoria de especialistas. “A gente tenta estabelecer um vínculo, que tem funcionado muito bem. As pessoas se engajam muito mais, aceitam ouvir determinado assunto porque você que está falando”, comenta Thenório.

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Mariana conta que, hoje, já conheceu até um químico que optou pela formação após conhecer o canal. “E tem essa coisa de ser assistido em família. Agrega as pessoas. O avô assiste com o neto, e depois eles tentam repetir na garagem”, conta. “Tem canais cheio de problemas, até de direitos autorais, que criam vídeo como se estivessem no WhatsApp com a família. Mas tem os que se levam a sério.”

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Outro ponto observado por eles é a transparência ao apresentar conteúdo patrocinado. “Sempre avisamos no vídeo.”

Acesso. No País, 64% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos assistem a vídeos, programas, séries e filmes na internet. Desses, 27% o fazem mais de uma vez por dia e 16% têm frequência diária. Isso é o que mostra o estudo TIC Kids Online Brasil, realizado entre novembro de 2016 e junho do ano passado.

A pesquisa aponta, contudo, que 10% dos pais não deixam os filhos dessa faixa etária assistir a vídeos online e outros 16% só permitem o uso acompanhado de um responsável.

Por outro lado, 24% dos pais não ensinam os filhos a usar a internet com segurança e 29% não conversam sobre o conteúdo acessado. Além disso, 46% dos filhos consideram que os pais sabem “mais ou menos” sobre o que acessam e 11% nada sabem. “Os pais ficam mais preocupados com pedofilia, com a criança ter contato com estranhos. Mas o maior risco que crianças têm reportado é de quando são tratadas de modo ofensivo”, explica Maria Eugenia Sozio, coordenadora do estudo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.