O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) disse hoje, ao se referir à importação de lixo hospitalar por uma empresa de Santa Cruz do Capibaribe, no agreste, não ser justo que todo um polo de confecções que emprega 150 mil pessoas seja prejudicado pela ação de “um bandido dos Estados Unidos e um bandido aqui”.
“São 22 mil empresas no polo de confecção e uma só cometeu este delito”, afirmou ele em entrevista à TV Globo, antes de uma reunião que vai ocorrer no início da tarde, no Palácio do Campo das Princesas, com representantes da Receita Federal, Anvisa e empresários do polo têxtil, que engloba 14 municípios no agreste.
Campos apontou falha na fiscalização nos Estados Unidos “com a saída de uma mercadoria que não devia ter saído”. “Houve crime nos Estados Unidos”, afirmou ao lembrar que no Porto de Suape, mesmo com a checagem das mercadorias por amostragem, o trabalho da Receita Federal permitiu que o crime fosse descoberto.
Com base na avaliação de infectologistas, o governador frisou que o consumidor que veio a comprar roupas feitas com o material que entrou ilegalmente no País não corre nenhum risco. Pregou punição para a empresa importadora e tranquilidade para que o caso não venha a afetar economicamente um polo que emprega 150 mil pessoas. Segundo ele, tem se proteger um polo de confecção que vem prestando um enorme trabalho e não pode ser confundido com a prática de um sujeito que vem de fora e faz um serviço desse”.
Sem citar nomes, o governador se referia a Altair Teixeira de Moura, dono da empresa Na intimidade Ltda, com sede em Santa Cruz do Capibaribe, onde tecidos importados de hospitais norte-americanos com manchas similares as de sangue e secreções humanas era vendidos a quilo. A loja e um galpão da empresa – cujo nome de fantasia é Império do Forro de Bolso – em Toritama foram interditados. Um outro, em Caruaru, com o mesmo nome, foi arrombado pela polícia civil no início da noite de ontem, com cerca de 15 toneladas de lençóis sujos, com manchas.
Altair alega inocência e prometeu uma entrevista coletiva ainda hoje.
Na semana passada a Receita Federal apreendeu dois contêineres com 46 toneladas do material, que era identificado como “tecido de algodão com defeito”. Em um deles havia também seringas, catéteres e luvas usadas. Outros 14 são aguardados no Porto de Suape Todos saíram do Porto de Charleston, na Carolina do Sul, para a empresa de Santa Cruz do Capibaribe. De acordo com o governador, todo material importado identificado como tecido passará por rigorosa fiscalização a partir de agora.