São Paulo
e Brasília – O suspense criado em torno dos programas eleitorais dos candidatos no rádio e na TV acaba hoje. Começa nesta terça-feira a polêmica campanha no horário eleitoral gratuito. A campanha se inicia com a apresentação dos programas dos candidatos à Presidência da República e à Câmara Federal. Amanhã, será a vez dos candidatos ao governo do Estado, Senado e Assembléia Legislativa.As grandes mudanças ocorridas nestas eleições presidenciais, como a verticalização, aprovada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), presidido pelo ministro Nelson Jobim, só não mexeram com uma coisa: a cautela dos eleitores. Na eleição presidencial de 1998, numa semana como a que passou, às vésperas da estréia do horário eleitoral, eram 42% os que diziam, em resposta espontânea, que não tinham ainda escolhido candidato. Agora, na mais recente pesquisa do Ibope (10 a 12 de agosto), a taxa de indecisos é a mesma. Embora haja menos candidatos e muito mais informação, o eleitor mantém sua reserva: só decidirá um pouco mais para a frente.
Há quem imagine que o horário eleitoral tenderia a influir menos, visto que uma enorme quantidade de informações já foi passada ao eleitorado e este pode estar saturado. As evidências empíricas, no entanto, vão em outra direção. Uma pesquisa Sensus do final de julho mostrou que o recente debate na TV Bandeirantes, computando-se a audiência direta, e a repercussão em conversas, no rádio e na imprensa, atingiu 36% de eleitores – um indicador do interesse dos eleitores.
Candidatos
As estratégias poderão variar. Lula provavelmente tentará preservar a sua posição, à medida que, com 22% de voto espontâneo e 34% de estimulado, já tem dois terços de seus votos consolidados. O petista poderá fazer isso com programas de 5 minutos em cada bloco na televisão (um à tarde, outro à noite), três dias por semana, e mais 115 inserções ao longo da campanha.
Garotinho tem potencial, mas não tem campanha bem estruturada, nem tempo no horário eleitoral: 2 minutos por bloco e 49 inserções. Mas o candidato do PSB tem uma capacidade diferenciada de comunicação pessoal, que pode usar para manter seus índices ou agregar nova parcela.
Serra é o candidato com maior tempo de televisão (10 minutos por bloco e 225 inserções) e disporá de eleitores de peso, como o próprio presidente Fernando Henrique. Mas precisará superar a dificuldade de se comunicar exibida até agora e livrar-se do ônus de um continuísmo que não interessa aos eleitores. Serra tem efetivamente todos os elementos para propor mudanças com segurança – o que, no fundo, é o que todo mundo quer. Se conseguir, poderá retomar a briga.
Ciro Gomes enfrenta desafio inverso, na medida em que já conseguiu firmar a imagem que pretendia – a do candidato que representa a mudança. No horário eleitoral, ele precisa dar substância a essa pretensão e neutralizar sinais contraditórios, como o apoio do ex-senador Antonio Carlos Magalhães. Ciro tem 4 minutos em cada bloco, 49 inserções e um grande trunfo na figura de Patrícia Pillar. Ele tem se saído bem como comunicador, mas precisará, no horário eleitoral, mostrar algo mais do que a retórica fluente e o estilo contundente com que construiu sua imagem até agora.
Estratégia se repete
São Paulo
(AE) – O candidato a vice na chapa encabeçada por Anthony Garotinho (PSB), José Antônio de Almeida (PSB-MA), repetiu a estratégia adotada na campanha eleitoral por Anthony Garotinho (PSB) e tentou constranger todos os adversários que questionou no primeiro debate entre os candidatos a vice-presidente da República, transmitido ao vivo neste domingo pela Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão. Menos contundente do que a de Garotinho, a estratégia adotada por Almeida não foi suficiente para quebrar a monotonia do debate.O primeiro alvo do vice do candidato do PSB foi o líder sindical Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, escolhido por Ciro Gomes (PPS) para compor a sua chapa à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso. Almeida pediu a Paulinho que esclarecesse a denúncia de supostas irregularidades no uso de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) destinados aos cursos de requalificação profissional mantidos pela Força Sindical – um inscrito no curso aparecia 32 vezes nos registros com um único CPF.
Paulinho respondeu que houve um erro do sistema e que o Ministério do Trabalho e do Emprego isentou a Força Sindical de qualquer responsabilidade sobre o fato. O vice de Garotinho insistiu, alegando que o vice de Ciro não havia respondido a pergunta.