Campanha “Eleições Limpas” nas ruas

Foto: AMB/Divulgação

Collaço: combate mais eficaz.

No lançamento da Operação "Eleições Limpas", campanha deflagrada ontem em Brasília pela Associação dos Magistrados Brasileiros – mais poderosa e influente entidade da categoria, que agrupa 15 mil juízes -, o governo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram alvos de severas críticas. "O maior pecado é essa convivência pacífica com um grande esquema de corrupção, contrariando toda uma expectativa popular de que haveria um cuidado extremado com a ética e que teríamos o resgate de valores que a sociedade achava imprescindível reconquistar", declarou Rodrigo Collaço, presidente da AMB e idealizador da jornada por "um processo eleitoral ético, legal e democrático".

Para Collaço, as revelações de Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT que empurrou Lula para a crise, reforçam o clima de "percepção de um quadro de corrupção generalizada". "Silvio Pereira indicou que ele (Lula) tinha forte ascendência sobre o PT", anotou o presidente da AMB. "É preciso mais rigor, inclusive do presidente da República, no combate aos desvios que estão sendo revelados."

O líder dos magistrados se diz estarrecido com as declarações do ex-homem forte do PT acerca da meta de faturamento de R$ 1 bilhão do esquema operado pelo empresário Marcos Valério. "As declarações de Silvio Pereira e também os números levantados pelas CPIs, que são fantásticos, sobre o volume de dinheiro movimentado, tudo isso serve de alerta para que a sociedade reaja imediatamente para banir da vida política a compra de votos e esses que se elegem apenas para obtenção de vantagem, com propostas eleitorais impossíveis de serem realizadas."

Os juízes se dizem decepcionados com os rumos do governo e perplexos ante tal volume de denúncias de corrupção e desmandos. "Esperava que houvesse um combate mais eficaz à corrupção, principalmente do ponto de vista preventivo", afirma Collaço. "Eu imaginava que teríamos uma grande redução da corrupção no País, mas isso não aconteceu. Fico decepcionado na medida em que percebo que uma parte dessa corrupção aconteceu muito próximo do presidente da República, figuras de alto escalão acabaram envolvidas, forçadas a deixar o governo porque não agiram com a ética que se esperava que fossem agir."

Collaço cobrou do Supremo Tribunal Federal (STF) "todos os esforços" para que o processo contra os 40 do mensalão seja concluído rapidamente. "O direito brasileiro fez a opção pela presunção de inocência até o trânsito em julgado (sentença definitiva) e isso gera a sensação de impunidade. Acho que não podemos nos acomodar diante das dificuldades processuais. Esse é um processo que não deve ser tratado como mais um porque é importante demais para a vida pública brasileira. Precisamos chegar à punição dos acusados em um tempo razoável."

Na primeira etapa da operação serão distribuídas 100 mil cartilhas, inclusive para todos os juízes do País e escolas, contendo instruções sobre o que pode e o que não pode na campanha. 

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