Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), pediu ontem que o corregedor Luiz Piauhylino (PTB-PE) e a Procuradoria da Casa apurem as denúncias de suposto pagamento de mensalidade pelo governo em troca da fidelidade de congressitas.
O mais novo escândalo da República estourou ontem quando saiu nas páginas do “Jornal do Brasil” uma reportagem em que se afirma que haveria um esquema de pagamento de “mesada” – apelidado “mensalão” -, no qual o governo distribuía mensalmente cargos e verbas a deputados e senadores em troca de apoio em votações. A principal fonte da reportagem, o ex-líder do governo Lula na Câmara, Miro Teixeira (PPS-RJ), negou ter confirmado a existência do esquema e que tal procedimento tenha motivado sua saída do posto.
Em nota, Miro disse: “São falsas as referências a mim atribuídas […] Repeti, insistentemente, que não subscrevia as denúncias. Contestei a informação que me encontrara com um procurador da República para falar sobre o assunto”. “Esclareci que deixei a liderança do governo para ter liberdade de votar contra a medida provisória que criava a contribuição previdenciária dos aposentados. É falsa qualquer outra versão sobre minha saída de tão honroso cargo”, completa.
Durante todo o dia parlamentares da oposição defenderam uma investigação mais profunda do caso. O deputado Antônio Carlos Pannunzio (PSDB-SP) chegou a pedir a criação de uma CPI. “Seria um instrumento para a Câmara punir os culpados e mostrar que esses não são a totalidade dos parlamentares.”
“Essa é mais uma prova do fisiologismo do governo para inflar a base”, afirmou Pannunzio (SP). O líder do governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP), disse que a reportagem é “falsa e lamentável”. “Lamentável por envolver indevidamente o deputado Miro Teixeira, um dos mais respeitados parlamentares do Congresso Nacional, em uma acusação que ele não fez e que é totalmente descabida”, afirmou.
Em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final da tarde de ontem, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, leu a nota do deputado Miro Teixeira (PPS-RJ) em que ele desmente a matéria do Jornal do Brasil. De acordo com Aldo Rebelo, o governo considera o assunto superado diante do desmentido de Miro.
Indagado se o governo pretendia investigar a denúncia, Aldo respondeu: “Investigar o quê? Uma denúncia que foi desmentida pelo suposto denunciante? É mais um episódio de véspera de eleição”.