Um contraponto marca o redesenho das lideranças de bancada no Senado e na Câmara para 2008. Enquanto, entre os deputados, algumas disputas já se acirram com a proximidade das eleições municipais, no Senado, os líderes devem continuar os mesmos. Um deles, aliás, está nessa posição há oito anos: José Agripino (RN), à frente do PFL e do DEM. Já o senador Artur Virgílio (PSDB-AM) vai para o sexto ano na liderança da bancada tucana (fora os quatro anos em que liderou o partido na era FHC).
À medida que se aproxima o pleito de outubro, os partidos na Câmara usam como termômetro as condições de elegibilidade de seus deputados em seus redutos. Os futuros líderes sabem que, uma vez no comando de seus partidos, terão os holofotes da grande mídia, de forma que a visibilidade obtida reforçará sua imagem perante o eleitorado. Já no Senado, instituição conhecida pelo ?espírito de equipe? que une seus membros, as mudanças serão quase nulas.
Em ano de eleições municipais, o posto de líder de bancada em ambas as Casas rende bons dividendos eleitorais e políticos. Além da visibilidade na imprensa, ser líder amplia o quadro de funcionários disponível (mais verba), mais influência nas decisões de temas caros aos partidos. Até a cota postal e telefônica ganha um reforço.
Entretanto, liderança no Parlamento significa mais responsabilidade, desgaste e dor de cabeça. Em partidos grandes, algumas correntes internas apresentam divergências ideológicas, sem contar embates com outras legendas. Aí entra o papel mediador do líder. Função que representa esgotamento físico-psíquico ao final de cada ano. É caso da líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), que admitiu estar estafada ao final de seu terceiro ano (não-consecutivo) na liderança petista.
Mal começou o ano de eleições municipais, as bancadas na Câmara já analisam a situação nos estados para operar mudança em seus comandos. Ao contrário do Senado, algumas bancadas sinalizam com renovação. Tudo indica que, no próximo pleito eleitoral, a maioria dos partidos terá como critério de escolha dos novos líderes a elegibilidade em prefeituras das principais cidades brasileiras. À exceção do PMDB que já reconduziu o deputado Henrique Alves (RN) , as siglas aguardam o fim do Carnaval. As atividades do Congresso estão previstas para começar amanhã, uma quarta-feira de cinzas.
Reconduzido ao posto de líder desde o fim do ano passado, Alves, que é primo do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), diz que não tem pretensões eleitoreiras com a liderança e que lá continuará por ?aclamação? da legenda.
A medir pelas suas palavras, o PMDB não tem nas eleições municipais a prioridade deste ano. Entretanto, com ministérios-chave ocupados por seus membros a – Edison Lobão (Minas e Energia), Nelson Jobim (Defesa) e Hélio Costa (Comunicações) – só para citar três dos seis ministérios, a força da maior bancada do Senado e na Câmara continua.
O provável futuro líder do PT não quer saber de disputar prefeitura de Recife. O nome mais provável para suceder Luiz Sérgio (RJ) é o do deputado Maurício Rands (PE), que retirou sua candidatura ao comando da capital pernambucana. Se no PMDB e no PT o clima é de harmonia, o PSDB tem suas divergências internas. Em São Paulo, é peculiar a correlação entre a liderança do partido na Câmara e a prefeitura da maior metrópole da América do Sul. Dois tucanos de peso José Serra e Geraldo Alckmin tentam emplacar seus pupilos na liderança da legenda na Câmara, Arnaldo Madeira (SP) e José Aníbal (SP), respectivamente.