Câmara quer ouvir José Dirceu

Brasília – A comissão de sindicância da Corregedoria da Câmara que investiga as denúncias de compra de votos decidiu ontem convidar o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, para depor, assim como os demais citados pelo deputado Roberto Jefferson (RJ) no Conselho de Ética da Casa, na véspera. O presidente do PTB, que deveria falar à comissão em reunião sigilosa na manhã de ontem, não compareceu alegando "não ter condições psicológicas, em virtude da sessão de sete horas realizada na terça-feira", disse o deputado Odair Cunha (PT-MG), que faz parte da investigação. O petebista deve falar na próxima semana.

Os primeiros a serem chamados pela Corregedoria serão os parlamentares acusados por Jefferson de participar do suposto esquema de mesadas, entre eles os presidente do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), e do PP, deputado Pedro Correia (PE). Também serão chamadas pessoas sem cargos eletivos, como o presidente do PT, José Genoino, e o tesoureiro do partido, Delúbio Soares, o publicitário Marco Valério Souza e sua ex-secretária Fernanda Karina Ramos Somaggio.

Na semana passada, Jefferson denunciou a existência de um suposto esquema bancado pelo PT de pagamentos a parlamentares do PP e do PL em troca de apoio em votações no Congresso. A expectativa da comissão é de que os depoimentos, todos sigilosos, possam se iniciar já nesta quinta-feira.

Revolta

Irritados com algumas afirmações feitas pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, em seu depoimento no Conselho de Ética da Câmara, 35 dos 47 deputados do partido preparam um documento de apoio ao governo e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esses parlamentares acham que Jefferson, ao dizer que "vai lavar a alma do partido", deu um sinal de que vai brigar para continuar na presidência do partido, na reunião da Executiva marcada para o dia 17. Eles temem que isso acabe arrastando o partido para a oposição, seguindo o caminho do PPS, cujo presidente, Roberto Freire, comanda os diretórios, mas não a bancada.

O documento seria divulgado ainda. Os 35 deputados não gostaram especialmente da afirmação de Jefferson de que teria colocado em votação na bancada a decisão sobre se o partido deveria aceitar ou não o mensalão, o que revelaria que todos conheciam o esquema de pagamento de mesada. Outro ponto que pegou a bancada de surpresa foi a informação de que o PT teria dado R$ 4 milhões ao partido. 

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