Câmara pode consultar Parlamento para solucionar crise Brasil-Espanha

Brasília – A Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados deve consultar o Parlamento Europeu e o espanhol na expectativa de aliviar, ou mesmo solucionar, a crise entre Espanha e Brasil. A informação foi dada nesta terça-feira (11) pelo deputado Ivan Valente (P-SOL-SP), após visita ao embaixador da Espanha no Brasil, Ricardo Peidró.

?É possível avançar nesse processo, mas é preciso um esclarecimento pleno dos fatos. Há um critério muito subjetivo para a avaliação de africanos e sul-americanos, sobretudo brasileiros, para a entrada na Comunidade Européia?, afirmou o deputado.

Segundo Valente, o embaixador deve consultar, ainda hoje, o Ministério de Relações Exteriores da Espanha para confirmar se participará amanhã (12) da reunião da comissão da Câmara. O deputado ressaltou, entretanto, que Peidró não confirma os relatos de maus-tratos sofridos por brasileiros no Aeroporto Internacional de Madri-Barajas.

?Não é fácil para o embaixador admitir maus-tratos. Ele diz que a polícia espanhola não praticou maus-tratos. É evidente que há preconceito e, por isso, reforçamos o convite ao embaixador [para participar da reunião da Comissão de Relações Exteriores]. Se não há nada a temer, entendo que a embaixada pode dar uma contribuição para distensionar o ambiente e para que se volte à normalidade de relações nesse campo.?

Ivan Valente defende que a comissão investigue as ?divergências? nas posições assumidas pelo governo brasileiro e pelo governo espanhol.

?Nós somos sul-americanos e brasileiros, e o pensamento do centro nem sempre é o pensamento da periferia capitalista. O preconceito não é contra os europeus. Geralmente, é com aqueles que procuram um emprego lá [na Espanha] e até com pessoas que estão estudando lá. É fundamental que se esclareçam os fatos para evitar o preconceito, o autoritarismo, e uma ação alfandegária que, sem dúvida, humilha as pessoas. Isso é inaceitável.?

A comissão também deverá ouvir o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e a estudante de pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP) Patrícia Magalhães, uma das brasileiras impedidas de entrar na Espanha em fevereiro deste ano. Patrícia iria participar de um congresso de física em Lisboa, mas foi detida no aeroporto de Madri, porque, segundo autoridades espanholas, cumpria com os requisitos mínimos para a entrada no país.

?Dizem eles [espanhóis] que as pessoas barradas têm um motivo para ser barradas. Amanhã, vamos pegar o depoimento de brasileiros que foram barrados e repatriados e vamos fazer a contraprova dessa questão?, afirmou o parlamentar, que aponta contradições entre os depoimentos. ?Eles [espanhóis] defenderam uma ação real da polícia espanhola e dizem que há irregularidades e [problemas de] conduta, e ao mesmo tempo, nossas pessoas barradas fizeram denúncias graves de maus-tratos, de preconceito e de análise subjetiva da entrada na Espanha.?

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