A Câmara Municipal de São Paulo aprovou em definitivo nesta terça-feira, 31, o pacote tributário da gestão João Doria (PSDB) com a inclusão de uma emenda que concede isenção para as igrejas de todas taxas cobradas pela Prefeitura, como a taxa para emissão de alvarás e a taxa de fiscalização de estabelecimentos. O projeto recebeu 31 votos a favor entre os 55 vereadores e segue agora para a sanção do prefeito.

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Apelidado de “X-Tudo”, o texto aprovado prevê também a cobrança de imposto sobre serviços (ISS) de streaming como a Netflix, a autorização para a Prefeitura contrair R$ 1,2 bilhão em empréstimos com instituições financeiras e fazer a securitização das multas de trânsito, e a criação dos programas de incentivos fiscais para o polo de ecoturismo no extremo sul e para o chamado Eixo de Desenvolvimento Noroeste e Fernão Dias.

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A isenção de taxas às igrejas, que já são isentas dos impostos como o IPTU, foi uma exigência da bancada evangélica para votar a favor do pacote tributário de Doria, que pegou carona em um projeto de 2015 do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) já aprovado em primeira votação para incluir nele uma série de modificações tributárias, como redução e aumento de alíquotas de ISS.

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“Dentro de um projeto que previa desoneração tributária, com redução de alíquota, para diversos segmentos diferentes, como as empresas de tecnologia, cuja alíquota de ISS caiu de 5% para 2,9%, a bancada evangélica decidiu fazer uma emenda para isentar os templos de qualquer culto das taxas em geral, tanto de serviços quando do poder de polícia”, disse o vereador Eduardo Tuma (PSDB).

Em junho, os vereadores já haviam aprovado, dentro do projeto que criou o Programa de Parcelamento Incentivado (PPI), uma ampla anistia de dívidas de IPTU (antes da imunidade) e de multas às igrejas, como por desrespeito à lei do PSIU, até o valor de R$ 120 mil por cada templo religioso e até o dia 31 de dezembro de 2016.

A pressa da gestão Doria em aprovar o pacote tributário deve-se à determinação legal (anualidade) que proíbe o poder público de aprovar um novo imposto e começar a cobrá-lo no mesmo ano. Ou seja, para taxar a Netflix em 2018, a Prefeitura precisava votar o projeto ainda este ano. Além disso, a lei determina que a cobrança de um imposto sobre um novo serviço só pode começar a valer 90 dias após a aprovação da medida no Legislativo, a chamada noventena.

No caso dos serviços de streaming como Netflix e Spotify, a gestão Doria afirma que a proposta serve apenas para adequar a tributação da cidade às normas federais, uma vez que uma lei complementar assinada pelo presidente Michel Temer no ano passado definiu que a cobrança desse tipo de serviço era de competência municipal, por meio do ISS. A gestão Doria definiu que a alíquota será de 2,9% sobre o valor de cada nota.

Empréstimos

No pacote aprovado, a Câmara autoriza a gestão Doria a contrair cerca de R$ 1,2 bilhão em empréstimos com instituições financeiras nacionais e estrangeiras, como o Banco Mundial, para realizar investimentos nas áreas de saúde, habitação e infraestrutura. O maior valor previsto, de R$ 530 milhões, é para intervenções no sistema viário, principalmente em recapeamento de ruas, que tiveram queda neste ano com a gestão Doria. Outros R$ 200 milhões serão para construção de moradias populares, R$ 200 milhões para obras de drenagem e combate a enchentes, e US$ 100 milhões para qualificação das unidades de saúde da capital.

Para a oposição a Doria na Câmara, o projeto original de Haddad “foi mutilado” para Doria conseguir “alavancar as receitas à qualquer custo”. “Doria desfigura projeto de incentivo à ecoturismo na zona sul, para antecipar receitas de multas e voltar a endividar a cidade sem critérios”, disse Antonio Donato, líder do PT.