Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse nesta segunda-feira (26) que proporá aos líderes partidários a criação de uma comissão especial para analisar o Estatuto da Igualdade Racial, em tramitação na Casa há dois anos.
"A criação da comissão especial reacenderá o debate [sobre o Estatuto da Igualdade Racial]?, afirmou. ?Só depois disso, vamos ver como o estatuto vai tramitar."
Na manhã desta segunda-feira (26), o plenário da Câmara foi transformado em Comissão Geral para discutir o estatuto, com a presença de várias pessoas ligadas ao movimento negro. Mais uma vez, o debate provocou polêmica.
Para o coordenador nacional do Movimento Negro Socialista, José Carlos Miranda, o estatuto pode aumentar as desigualdades entre brancos e negros. "Quando foram introduzidas nos Estados Unidos, na Índia, na África do Sul, em Ruanda, as políticas raciais provocaram a divisão da população e a intensificaram o ódio racial?, explicou.
O advogado Hédio Silva Júnior, no entanto, alegou que essa divisão já existe. Segundo ele, a própria Constituição Federal faz diferenciação entre brasileiros e afrobrasileiros. "A constituição usa o termo afrobrasilieros e isso não é invenção das [políticas de] cotas?, destacou. ?A classificação existe desde que a constituição entrou em vigor.?
A ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, afirmou que a divisão entre negros e brancos existe desde a escravidão e que os descendentes de escravos ainda não se tornaram cidadãos com todos os direitos assegurados.
?Os descendentes de escravos não conseguiram o título de cidadãos plenos?, argumentou. ?Cabe ao governo dar andamento às ações afirmativas em conjunto com as políticas universais como educação, saúde, trabalho, que são direito de todos", concluiu a ministra.