Calheiros diz que Rebelo não cumpriu acordo

Para não ser acusado de governista, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), partiu ontem para o ataque e, no tiroteio, sobrou para o presidente da Câmara Aldo Rebelo (PC do B-SP), a quem responsabilizou pelo adiamento da leitura, na quarta-feira, do requerimento de prorrogação da CPI dos Correios.

Segundo Renan, o deputado não cumpriu um acordo feito entre os dois e isso o desgastou com os senadores. "Isso é um desgaste desnecessário e acordos existem para ser cumpridos", disse.

O senador passou o dia irritado e, numa atitude inédita, fez longos desabafos no plenário, na cadeira de presidente do Senado. Ele ameaçou transformar em projetos de lei todas as Medidas Provisórias que chegam à Casa sem tempo suficiente para discussão e votação, a exemplo da MP 258 que cria a Super-Receita.

"Isso é absolutamente irresponsável", afirmou, numa crítica indireta também ao Planalto pela edição de MPs e à Câmara que demora muito a deliberar sobre as medidas.

Falando também para o público interno, Renan Calheiros defendeu a prorrogação dos trabalhos da CPI, na contramão dos aliados do Planalto e também do presidente da Câmara citado pelos senadores como um dos aliados do governo na operação de evitar que as investigações avancem em 2006. "Se há necessidade de aumentar o prazo de funcionamento de alguma outra comissão de inquérito, prorrogaremos", afirmou o senador.

Calheiros acusou Aldo Rebelo de não ter cumprido o acordo para ler o pedido de prorrogação da CPI e, nos bastidores tem afirmado que apenas o Senado tem contribuído para as investigações, apesar de ser uma comissão mista. Ele ressaltou, sobretudo, a contratação de empresas de auditoria para auxiliar nos trabalhos da CPI dos Correios, uma iniciativa assumida apenas pelo Senado.

Apesar das promessas, disse que a Câmara não ajudou nas despesas. "O sentimento aqui (Senado) é de investigar. E a única coisa concreta para isso aconteceu aqui", afirmou Calheiros, defendendo o prosseguimento das investigações o tempo que for necessário. "A sociedade não entenderia um movimento que abreviasse as investigações", afirmou.

A irritação com Aldo Rebelo começou na véspera, quando ele disse ter ficado esperando em vão o presidente da Câmara liberar o plenário por 30 minutos para realizar a sessão conjunta. Afirmou que ficou esperando uma resposta do deputado até 21 horas e que falara com ele pelo menos três vezes ao longo do dia.

Por duas vezes ao longo do dia de ontem, Renan criticou abertamente a Câmara que, segundo disse, não votou nenhum projeto de lei nos últimos meses. "Se há uma injustiça é dizer que o Legislativo como um todo está imobilizado", completou para acrescentar que o Senado votara 1.232 matérias no primeiro semestre.

Ao mesmo tempo, poupou Aldo afirmando que ele chegou agora e "está dizendo que vai fazer um esforço para votar". O presidente da Câmara preferiu, contudo, não responder às críticas do senador. "Eu não vou comentar as opiniões do nosso presidente Renan. Ele é meu amigo e eu tenho grande respeito por ele", disse.

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