Brasília – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reagiu nesta quinta-feira (21) à tentativa do Conselho de Ética de aprofundar as investigações sobre os documentos que enviou ao colegiado. O material foi periciado pela Polícia Federal que atestou sua autenticidade mas fez ressalvas de que não tinha como comprovar os rendimentos alegados, o que demandaria outras investigações. Para Renan Calheiros, "estão querendo conduzir o Senado à uma crise institucional".
Os documentos serviram para o parlamentar embasar sua argumentação de que teria recursos suficientes, por meio de rendimentos agropecuários, para pagar R$ 12 mil de pensão informal à jornalista Mônica Veloso com quem teve uma filha. Ontem, a sessão do Conselho de Ética decidiu adiar a votação do relatório e houve a criação de uma comissão para analisar os próximos passos da investigação.
"Estou disposto a enfrentar qualquer coisa para que prevaleça a verdade. Devassaram a minha vida, a de minha família, dos meus filhos, expuseram as minhas vísceras, mas eu não vou permitir que levem o Senado para uma crise institucional", afirmou. Renan acrescentou que não permitirá que devassem a vida de qualquer senador. Segundo ele, o Conselho de Ética não tem poderes para isso. Calheiros ressaltou que teve a iniciativa de enviar ao colegiado todos os documentos exigidos.
O peemedebista disse, ainda, que não cabe a ele discutir a condução dos trabalhos pelo conselho. "Este é um problema do conselho, o que competia a mim fazer eu fiz". Renan Calheiros rechaçou qualquer possibilidade de afastar-se da Presidência do Senado até que as investigações sejam concluídas. Segundo ele, isso não faz parte de sua personalidade.
A proposta de afastamento foi feita nesta semana pela senador Pedro Simon (PMDB-RS) pela segunda vez desde que as primeiras denúncias de que Calheiros teria contas pessoais pagas por terceiros. Os únicos senadores que corroboraram com esta tese, publicamente, foram Jefferson Péres (PDT-AM) e Cristóvam Buarque (PDT-DF).
Renan Calheiros negou que venha ameaçando outros senadores com o objetivo de por um ponto final no pedido de investigações apresentado ao Conselho de Ética pelo P-SOL. Informações, neste sentido, foram veiculadas hoje pela imprensa. "Eu já disse que ameaças e insinuações não fazem parte da minha personalidade. Quem me conhece e convive comigo sabe muito bem disso", afirmou.