O Conselho de Ética do Senado continua discutindo o processo contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Temendo ser derrotado na estratégia de arquivar o processo ainda hoje, Renan já aceitou o adiamento da votação do parecer do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) para a próxima terça-feira. O próprio Renan Calheiros recomendou essa posição ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), um de seus principais defensores, apesar de não integrar o Conselho.
A proposta de adiamento da votação partiu do PSDB e do DEM, com apoio de senadores do PT e PSB. Partiu da oposição a idéia de realizar uma perícia sobre os novos documentos que tratam da venda de gado por Calheiros para o pagamento da pensão da filha que tem com a jornalista Mônica Veloso, seu principal argumento para provar que usou recursos próprios e não de empreiteira. A divisão do Conselho ficou nítida.
Além de Jucá, a líder do PT, Ideli Salvatti (SC) fez um discurso contundente em defesa de Renan, como também outros colegas do PMDB. O PT se dividiu, já que o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) acompanhou a posição do PSDB e DEM. O mesmo ocorre com o PSB, que está representado pelo senador Renato Casagrande (ES), que também quer adiar a votação por causa da nova denúncia feita em reportagem da TV Globo, de que o senador teria usado notas frias de uma empresa desativada e recibos de outra que nega ter comprado gado de fazendas de Calheiros em Alagoas.
"O arquivamento sumário é um erro", afirmou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), pedindo mais investigação. "Vamos sangrar o presidente do Senado por mais quantos dias?", indagou o senador Wellington Salgado (PMDB-MG).