As 152 barracas surgem em fileiras como ruas, com varais na parte de trás. Café e sopa são doados e o almoço vem na marmita comprada pelo governo. A higiene limita-se a banheiros comunitários. Quem observa de longe a cidade de Branquinha imagina que se trata de um acampamento. Mas é tudo o que sobrou para centenas de desabrigados das enchentes que, há três meses, devastaram 19 municípios de Alagoas. E a situação não tem prazo para mudar.
Na terça-feira, será prorrogado por 90 dias o estado de calamidade pública em Branquinha e mais 14 cidades alagoanas – outras quatro seguem em situação de emergência. Enquanto aguardam as casas de 64 m² que estão para ser construídas com a ajuda do governo federal, os flagelados vivem em 1.200 barracas de lona doadas pelo Rotary Club Internacional e pela Defesa Civil. E ainda faltam montar 1.400 para abrigar as famílias que prosseguem “acampadas” em escolas, ginásios de esportes e outros equipamentos públicos.
Somente agora o poder público conseguiu fazer o balanço dos prejuízos com a chuva. As perdas chegaram a R$ 1 bilhão (apenas a destruição de prédios públicos e estradas alcançou 41.155 m²). O número de mortos chegou a 27, mas dezenas de desaparecidos seguem com situação “em aberto”.
A face mais visível da tragédia continua a ser as barracas, usadas anteriormente em períodos menores para vítimas de terremotos (como no Haiti e no Chile), que devem receber a maior parte das 17.938 famílias alagoanas que perderam tudo – até os documentos.