Dados preliminares da caixa-preta do Airbus da TAM, que se chocou contra o prédio da empresa em São Paulo, levaram a fabricante a emitir um comunicado mundial às empresas que operam os jatos da família A320, alertando para o risco do uso incorreto do manete de potência dos motores. O procedimento incorreto é uma das hipóteses para a tragédia do vôo 3054, que matou ao menos 199 pessoas no dia 17.
Seis dias após o acidente, investigadores da Aeronáutica abriram o gravador de dados dos equipamentos do avião (Flight Data Recorder) e, com base no que encontraram, avisaram a Airbus sobre a suspeita. O conteúdo do documento mostra que os termos da nota tiveram o aval das ?autoridades de investigação brasileiras?.
?A Airbus está preocupada com as posições dos manetes sinalizadas na caixa-preta?, disse o brigadeiro Renato Cláudio Costa Pereira, ex-secretário-geral da Organização Internacional da Avião Civil (Icao, na sigla em inglês). Para pousar o avião, o piloto deve programar nos computadores de bordo desde o funcionamento da aceleração automática (autothrottle) até os sistemas de frenagem hidráulico (autobreak) e aerodinâmicos (speedbreak, reversos e flaps). O manete de potência das turbinas deve ser deixado na posição marcha lenta (idle) para evitar uma aceleração involuntária da aeronave.
Enquanto o acelerador automático está ligado, os sistemas eletrônicos do avião ignoram a posição do manete. Mas depois que a aeronave toca o solo, o autothrottle é desligado e o computador volta a ?ler? a posição em que a alavanca de potência foi deixada. Por esse motivo é que deve ela deve estar em marcha lenta. Caso contrário, o Airbus pode ter duas reações: acelerar sozinho (manetes na posição de subida) ou ganhar potência contrária (manetes na posição de reverso). No caso da Airbus da TAM, suspeita-se que o avião acelerou após o pouso.
