A transcrição da caixa-preta do Airbus 320 da TAM mostrou que do momento em que a aeronave tocou a pista até o choque final com o prédio da TAM Express passaram-se 19 segundos apenas. Revelou também o drama dos que estavam na cabine da aeronave, com tentativas sem êxito de controle dos instrumentos por parte dos pilotos, e, sobretudo, deixou chocados os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, que tiveram acesso à transcrição. Morreram 199 pessoas no acidente com o avião da TAM, no dia 17.
Nos 19 segundos, a aeronave atravessou a pista principal do Aeroporto de Congonhas, passou sobre a Avenida Washington Luís e bateu no prédio, quando explodiu. A degravação da caixa preta que registrou os últimos 30 minutos do vôo 3054 mostrou que tudo corria tranqüilamente a bordo do avião, que saiu de Porto Alegre com destino a São Paulo. Faltando 30 minutos para o pouso, uma comissária revelou aos pilotos que não sabia onde a aeronave desceria. Perguntou onde. O comandante respondeu que seria em Congonhas. Ela se mostrou alegre e disse: "grande, grande". Também, pela transcrição, ficou claro que os pilotos foram avisados pela torre de que havia chuva e que a pista estava molhada e escorregadia.
Ficou muito claro também que os pilotos sabiam que a aeronave tinha apenas um dos reversores. O comandante até pediu ao co-piloto Kleyber Lima que não se esquecesse disso: "Lembre-se que temos apenas um reverso", disse, ao longo do vôo. Ao se aproximar para o pouso, o comandante avisou que estava tudo pronto para que a aeronave descesse. Logo em seguida, recebeu a autorização para pousar na pista principal, chamada de 35. Pediu ao co-piloto para checar o estado da pista. A torre respondeu que estava molhada e escorregadia. Momentos antes de o avião tocar a pista, o computador de bordo advertiu: "Retarda. Retarda. Retarda". Quando a aeronave já se encontrava na pista, o co-piloto voltou a lembrar que havia um reverso apenas. E deu o alarme de que o sistema de freios (spoilers) não estava funcionando. A partir daí, foi o horror.