O número de pequenas e micro empresas exportadoras caiu 4,4% em 2006 na comparação ao ano anterior. Foram 12.998 empresas de micro e pequeno porte que venderam seus produtos no exterior em 2006, contra 13.538 em 2005. É o que revela o estudo "As Micro e Pequenas Empresas na Exportação Brasileira – Brasil e Estados – 1998 – 2006", divulgado nesta segunda-feira (10) pelo Sebrae e produzido com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), por meio da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
Segundo o Sebrae, essa é uma tendência desde 1999 e a única exceção ocorreu em 2004, quando o número de pequenas empresas exportadoras cresceu duas vezes mais que o de grandes e médias empresas.
De acordo com o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, a valorização do real ante o dólar é o fator que mais explica essa redução. "A valorização cambial tira muita competição dos pequenos", afirmou. O economista da Funcex, Fernando Ribeiro, acrescentou que, ao contrário das grandes e médias companhias que se utilizam da taxa de câmbio valorizada para importar insumos e, com isso, reduzir alguns custos de produção, as pequenas não conseguem utilizar essa estratégia.
O estudo mostrou ainda uma redução de participação das exportações das micro e pequenas empresas no valor total das exportações brasileiras. Após atingir 2,13%, em 1998, elas passaram a representar apenas 1,4% em 2006.
O número de pequenas e micros que exportam continuamente também é pequeno. No ano de 2006, 31,8% das microempresas que exportaram também o fizeram continuamente em anos anteriores. As que exportaram de forma descontínua somaram 34,5% e 33,7% foram estreantes naquele ano.
Regiões
As exportações das micro e pequenas empresas brasileiras se concentram essencialmente nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde estão quase 95% das firmas exportadoras deste segmento. Esse grupo é responsável por 82% do valor total vendido pelo segmento no exterior.
De acordo com o levantamento do Sebrae, somente o Estado de São Paulo reúne 47% das empresas de micro e pequeno porte que exportam, seguido do Rio Grande do Sul (16,2%), Minas Gerais (8 6%), Santa Catarina (7,7%), Paraná (7,6%) e Rio de Janeiro (6 2%). O Espírito Santo participa com apenas 1,7% do total.
Na Região Norte, o estado mais representativo em termos de exportação é o Pará, com 1,9% do total brasileiro. No Nordeste destacam-se o Ceará (1,4%) e a Bahia (1,2%).
Perfil
Mais de 90% das micro e pequenas empresas brasileiras exportadoras são firmas industriais ou comerciais, fornecedoras essencialmente de bens manufaturados, segundo as análises feitas no estudo.
Programa de apoio
O Sebrae lançará em abril o Programa de Internacionalização de Micro e Pequenas Empresas, destinado a apoiar os empresários deste segmento, interessados em exportar e de se manterem de forma sustentável no mercado externo. "O apoio principal será dado para a passagem de informações aos pequenos empresários", afirmou o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto.
O estudo identificou que o principal motivo de desistência ou medo das exportações são as turbulências no mercado internacional e a falta de informações sobre como atuar. Para o Sebrae, fazer um planejamento adequado para administrar as exportações e superar eventuais dificuldades é a chave para manter as pequenas e micro empresas no mercado externo, algo que o programa de internacionalização poderá ensinar.
O programa pretende aumentar o acesso dos empresários a informações num trabalho integrado do Sebrae, com a Agência de Apoio às Exportações (Apex), Banco do Brasil, BNDES e os Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e de Relações Exteriores. Será dado foco às exigências da legislação para realização das exportações, como especificações sobre embalagens, etiquetas, questões ambientais, e a respeito do que busca o consumidor dos países para onde se pretende exportar.