Cachoeira isenta Dirceu e culpa Waldomiro Diniz

Roosewelt Pinheiro / ABr

Cachoeira: "Ele sempre pedia dinheiro
para a campanha. Tenho certeza
de que ficava com ele".

Brasília – O empresário do setor de jogos eletrônicos, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, afirmou ontem, durante depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bingos, que o ex-assessor da Casa Civil da presidência de República, Waldomiro Diniz, agia por conta própria e que não acredita na participação de pessoas do governo, a exemplo do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu.

Carlinhos Cachoeira disse que ao final de todas as conversas o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz pedia R$ 200 mil ou mais de propina. O senador Magno Malta (PL-ES) pediu a Cachoeira para traçar um perfil de Waldomiro: ?Resumindo, é uma pessoa dissimulada, que me achacou várias vezes? – respondeu Cachoeira, ressaltando que Waldomiro em nenhum momento citou o nome do então ministro da Casa Civil, José Dirceu.

Cachoeira disse acreditar que o dinheiro recebido como propina por Waldomiro Diniz ficava com ele próprio e não se destinava ao financiamento de campanhas de políticos. Ele negou que Waldomiro tenha continuado a lhe extorquir dinheiro depois de 2002 – quando Diniz passou a integrar os quadros da Casa Civil.

Cachoeira afirmou que pode revelar o nome da pessoa que realizou as gravações, no Aeroporto de Brasília, que mostram Waldomiro Diniz cobrando propina. O empresário ainda afirmou que  Waldomiro nunca falou com ele sobre a proposta de alteração da legislação dos jogos de azar, que visava legalizar a atividade e os bingos no Brasil.

Culpados

Carlinhos também disse que a comissão deveria apurar a conduta dos deputados estaduais do Rio de Janeiro Alessandro Calazans (sem partido, que era o presidente da CPI da Loterj), e Paulo Melo (PMDB), o relator da comissão. Segundo Carlos Cachoeira, o relatório da CPI aliviou os verdadeiros culpados nas irregularidades na Loterj. Cachoeira disse ainda que, além de não ter tido a oportunidade de se defender, alguns membros da comissão tentaram desmoralizá-lo várias vezes.

As declarações de Cachoeira foram consideradas pelo senador Leonel Pavan (PSDB-SC) como uma tentativa de blindar o governo, principalmente o ex-ministro José Dirceu. "O depoimento dele faz uma blindagem do governo. Joga tudo para cima do Waldomiro. Quem vai dizer se o dinheiro chegava ou não às mãos do PT ou de algum candidato é o Waldomiro, não o senhor Carlinhos Cachoeira", afirmou o senador. Pavan afirmou requereu uma acareação entre Cachoeira e o ex-assessor.

No começo da noite, a CPI aprovou, por unanimidade, a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico do ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz. Também aprovou a convocação de Diniz para prestar depoimento no plenário da comissão. O testemunho dele, entretanto, ainda não tem data marcada e, na opinião de alguns senadores, deve ser um dos últimos a ocorrer. A estratégia é reunir o maior número de informações possível para evitar que se repita o que aconteceu no depoimento do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza na CPI dos Correios. 

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