Três caçadores mataram uma onça-pintada, maior felino das Américas e ameaçada de extinção, durante uma caçada clandestina na reserva de Mata Atlântica de uma fazenda, em Juquiá, no Vale do Ribeira, no interior de São Paulo. Em seguida, eles gravaram e enviaram para amigos pelo aplicativo WhatsApp um vídeo em que se vangloriam do fato e exibem a onça adulta, abatida a tiros, como um troféu. As Polícias Civil e Ambiental estão, agora, à caça dos autores do crime.
Veja o vídeo:
A caçada aconteceu no último fim de semana. No vídeo, aparece apenas a onça abatida, mas é possível ouvir com clareza a voz de um dos caçadores.
“Olha aqui, Mauri, olha, Jorge, vocês dizem que aqui não tem onça grande? Olha o tamanho desse bicho! Saí para buscar uma paquinha e olha o tamanho disso, Adilsão!”, diz um deles.
Ele conta que a onça foi morta com dois tiros e mostra, no vídeo, as armas usadas. “Ela largou dos cachorros e estava investindo em nós. Dei um tiro de 12 na cara dela, e o Jorge atirou no pescoço com a 24. Os dois tiros falaram juntos.”
O caçador exibe as presas e as patas da pintada e continua se vangloriando. “Olha o dente desse capeta, Mauri; aí, Nandão, olha o tamanho da patola!”
O dono da Fazenda São Judas, localizada entre os bairros Iporanga e Caçula, tomou conhecimento do vídeo e registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil de Juquiá. Segundo ele, a área, de mata fechada e distante da propriedade, é invadida constantemente por caçadores. O comando do Policiamento Ambiental na região também foi notificado.
De acordo com a Polícia Civil de Juquiá, os três homens cujas vozes aparecem no vídeo – o narrador cita Jorge e Herbert como seus companheiros de caçada – já foram identificados. Um deles está foragido. Os outros devem se apresentar a qualquer momento.
Crimes
Os matadores da onça serão processados com base no Lei de Crimes Ambientais, que prevê pena de seis meses a um ano de detenção e multa que, nesse caso, deve chegar a R$ 5 mil. A Polícia Civil também deve indiciar os suspeitos por invasão de propriedade e porte ilegal de arma, já que uma das espingardas foi modificada de forma a não ser possível o registro.
No caso do porte ilegal da arma, o crime é maior que a própria morte da onça, prevendo pena de dois a quatro anos de reclusão, além de multa.
Onça-pintada
De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a população de onças-pintadas sofreu drástica redução na Mata Atlântica, um de seus principais hábitats, nos últimos anos. Estima-se que a população não passe de 180 indivíduos, estando “criticamente em perigo”.
O felino, que está no topo da cadeia alimentar e tem como principal predador o homem, ocorre também em outros biomas brasileiros, como a Amazônia, o Pantanal e o Cerrado.