Bush convida Lula a ir a Washington

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush,convidou o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva a visitar Washington antes de tomar posse num telefonema que lhe fez hoje à tarde para congratular o líder do Partido dos Trabalhadores pelo triunfo nas eleições de domingo. Bush disse a Lula que espera trabalhar com ele ?especialmente no que diz respeito a promover a democracia, a boa governança e o livre comércio no hemisfério?, segundo nota divulgada pela Casa Branca.

Fontes oficiais disseram que a conversa entre os dois líderes foi um bom começo e deixou os dois lados satisfeitos. A chamada aconteceu quando Bush estava à bordo do Air Force One, seu jato presidencial, durante um giro por estados do Oeste dos EUA para partcipar da campanha de candidatos republicanos às eleições legislativas da próxima terça-feira. ?Os Estados Unidos e o Brasil tem excelentes relações bilaterais, que continuarão no novo governo?, disse Bush, em nota divulgada depois da conversa. ?Nossos dois países compartilham interesses comuns e valores e objetivos fundamentais que nos capacitam a continuar a trabalhar de forma estreita para trazer benefícios para os nossos povos?.

A nota da Casa Branca assinalou claramente que o atual ocupante do Palácio do Planalto é uma referência importante para Washington no diálogo futuro com o Brasil. Bush afirmou que ?os EUA apreciam a amizade do presidente Fernando Henrique Cardoso com os Estados Unidos, seu trabalho para estreitar as relações bilaterais e sua forte liderança no hemisfério e além. Fazemos-lhe os melhores votos e continuaremos a trabalhar com ele até o fim de sua presidência?.

O telefonema de Bush foi o terceiro gesto amistoso do governo americano a Lula em menos de 24 horas. No domingo à noite, quando retornava aos EUA, depois de mais uma visita ao México, Bush parabenizou Lula pela eleição, por intermédio de seu secretário de imprensa, Ari Fleischer. Hoje pela manhã, o departamento de Estado antecipou à imprensa nota de congratulações ao futuro líder brasileiro antes de ela ser lida pelo porta-voz, Richard Boucher, na abertura da entrevista que concede diariamente.

?Esperamos iniciar o diálogo com a nova liderança do Brasil na primeira oportunidade e trabalhar com o presidente eleito para forjar um hemisfério próspero e democrático, baseado em valores compartilhados e no respeito mútuo?, afirmou o departamento de Estado.

?Os Estados Unidos e o Brasil compartilham muitas áreas de interesse e esperamos construir uma forte parceria com o presidente eleito e com sua nova administração?.

Uma fonte diplomática disse que o departamento de Estado ?estuda ativamente? a idéia de uma visita do secretário de Estado, Colin Powell, ao Brasil nas próximas semanas. Paralelamente, pelos menos quatro altos funcionários americanos irão ao País no mês que vem, para participar do Fórum Econômico Global, no Rio, de de possíveis consultas com membros da próxima administração: o vice-secretário do Tesouro, Kenneth Damm, o vice-ministro do Comércio Exterior, Peter Allgeier, e os subscretário de Estado para Assuntos Econômicos, Alan Larson, e para Assuntos Globais, Paula Dobrianski.

A mesma fonte afirmou que as reiteradas congratulações e manifestações do desejo do governo Bush de trabalhar com Lula tiveram não apenas de sublinhar a importância que Washington atribui ao diálogo com o Brasil, mas também de afastar ?qualquer percepção de que estávamos ansiosos, preocupados ou insatisfeitos com a perspectiva da eleição de Lula?. Essa percepção foi promovida nas últimas semanas por militantes da extrema-direita republicana. Eles conseguiram convencer treze deputados a enviar duas cartas a Bush na qual descrevem o futuro presidente brasileiro como ?um radical pró-Castro? e constróem teorias conspiratórias sobre a formação de um novo ?eixo do mal? entre Lula, Fidel castro, Hugo Chavez e a guerrilha colombiana.

De acordo com a mesma fonte, os repetidos cumprimentos de Washington a Lula tiveram também o sentido de desfazer dúvidas que a desajeitada atuação inicial dos EUA no episódio da fracassada tentativa de deposição do presidente da Venezuela, Hugo Chavez, em abril passado, possa ter deixado sobre o apego da administração Bush à democracia no continente.

O embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa, realçou a preocupação do governo americano de valorizar o conteúdo democrático da eleição de Lula, no gesto de Bush. ?O telefonema do presidente Bush ao presidente eleito e o convite que lhe fez para visitar a Casa Branca é muito significativo pelo que representa como reconhecimento do fortalecimento institucional e do avanço da democracia no Brasil?, disse Barbosa. ?Ele é importante também por causa da centralidade das relações entre o Brasil e os EUA, não apenas do ponto de vista político e diplomático, mas também econômico e comercial?.

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