O Corpo de Bombeiros segue trabalhando neste domingo, 14, no local dos dois prédios, construídos ilegalmente na comunidade da Muzema, que desabaram na zona oeste do Rio de Janeiro. Desde a manhã de sexta-feira, 100 militares da corporação atuam nas buscas com o auxílio de cães farejadores, drones e helicópteros. Ainda há 15 desaparecidos.

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Na noite de sábado, 13, foi encontrado o corpo de um menino nos escombros. Com mais essa vítima, chegou a nove o número de mortos. O corpo da criança foi encontrado por volta das 22h deste sábado. Duas horas antes, os bombeiros haviam localizado mais uma vítima, uma mulher, entre os escombros. Os dois corpos, ainda não identificados, foram encaminhados para o Instituto Médico Legal.

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Os bombeiros acreditam que ainda podem encontrar sobreviventes. “Este cenário (queda de edifício) é muito mais propício a encontrar vida (do que num deslizamento de terra), porque a gente pode trabalhar com células, pequenos habitáculos onde as pessoas podem se manter vivas”, explicou o coronel Luciano Sarmento, que coordena a operação.

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Segundo Sarmento, as buscas por sobreviventes irá continuar até o fim da operação. “Temos relatos de pessoas que sobreviveram até sete dias nessas condições. Vamos trabalhar até o fim da operação com essa possibilidade.”

A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação determinou a demolição de mais três prédios do entorno. Dois deles passam por trabalho de escoramento para que não desabem durante os trabalhos de busca por vítimas. Outros imóveis passam por vistoria e podem ter o mesmo destino.

Juliana Carvalho Moura, que mora na casa em frente aos dois prédios que desabaram, contou que uma moradora do primeiro andar de uma das construções chegou a gritar para tentar alertar os vizinhos do desmoronamento iminente. “Eram umas 6h30, e dava pra ouvir muitos estalos, barulho, e a mulher começou a gritar ‘tá caindo, tá caindo, sai, vai cair’. Achei que era a ribanceira que tava caindo, mas era o prédio”, contou.

Irregularidades

Todo o condomínio foi construído sem licenciamento e não tem ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) nem engenheiro responsável. As obras foram interditadas em novembro de 2018, segundo a prefeitura do Rio.

Os apartamentos nos prédios irregulares construídos e comercializados por milicianos são vendidos a preços abaixo do mercado. Unidades de dois quartos, com garagem, estavam sendo vendidos por valores que iam de R$ 40 mil a R$ 100 mil.

Moradores contam que sabiam que os imóveis eram irregulares, mas que comprá-los era a forma encontrada para conseguir ter um lugar para morar.