Diante da declaração do ex-deputado José Dirceu (PT-SP) de que foi traído por companheiros, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, cobrou nesta sexta-feira que Dirceu e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também disse ter sido traído, apontem os nomes dos traidores.
"Eles já criaram cadáveres, criaram defuntos e outros fatos ditados pela imoralidade, e agora respondem com essa figura sinistra e cinzenta dos traidores. É hora, mais que hora, tardia hora, de dizerem à nação quem são os traidores", afirmou. O presidente da OAB disse que a sociedade brasileira não tolera mais ouvir dos envolvidos na crise que eles foram traídos sem dar nomes aos traidores. "Não é mais possível ficar escondendo a falta de caráter, a falta de ética, atrás dessa figura amorfa e absolutamente desconhecida que são os fantasmas traidores", disse Busato.
A direção nacional da OAB criou uma comissão especial para averiguar a existência de corrupção no governo Lula. Os integrantes da comissão estiveram reunidos nas últimas semanas com os membros da CPMI do Mensalão, mas até agora não fizeram nenhum anúncio se obtiveram algum resultado positivo.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), também reforçou as críticas ao governo Lula. Ele acusou em Campinas o governo petista de "todo tipo de promiscuidade, sob o ponto de vista da mistura do público com o privado, do partido com o governo" e disse que o número de deputados cassados deverá ser "muito maior". De acordo com ele, o País nunca havia visto "denúncias tão comprovadas". Preferiu, porém, não acusar diretamente o ex-deputado José Dirceu, que teve seu mandato cassado esta semana.
"O fato é que, não especificamente o caso do José Dirceu nunca houve denúncias tão comprovadas. Que houve dinheiro repassado a parlamentares, está mais do que comprovado. Que houve malversação do dinheiro público, está mais do que comprovado. Que houve concorrência fraudulenta, está mais do que comprovado", afirmou o governador, classificando o que chamou de "todo tipo de promiscuidade".
A cassação de Dirceu não irá interferir na campanha para as eleições do próximo ano, disse Alckmin. "Eu não vejo relação. São fatos distintos, separados. Eleição não antecipa, nem posterga". Alegou que as denúncias afetam o partido do governo federal. "Eu acredito que o número de cassações será muito maior, os processos estão só iniciando", afirmou.
Ele acrescentou que a cassação de Dirceu não foi um processo pessoal. "Teve uma posição altiva durante esse período, procurando se defender e se explicar. Mas acho que é um recado claro do Congresso Nacional, de que os fins não justificam os meios", disse. Preferiu não opinar sobre ter sido justa. "Esse é um assunto do Congresso Nacional".
Sobre a cassação de Dirceu atrapalhar o PT nas próximas eleições, o governador retrucou: "Não ajuda". Repetiu que a escolha do candidato do PSDB ao governo federal será feita somente no próximo ano. "Escolha de candidato é uma decisão coletiva, não é uma decisão pessoal. Só deve ocorrer ano que vem".
Alckmin rechaçou acusação do PT, de que a base governista está barrando a criação de CPIs na Assembléia Legislativa. "Esse não é o caminho. Não é porque tem CPI em Brasília que tem que fazer em São Paulo. Você precisa ter fato. CPI não é para fazer luta política, é coisa séria. Governador não manda na Assembléia. Fui derrotado na eleição da mesa". O governador esteve na cidade para distribuir 73 viaturas à Polícia Civil da região.