O presidente do PDT, Leonel Brizola, se reuniu ontem com o presidente do PFL, o senador Jorge Bornhausen (SC), na casa do pedetista, na Avenida Atlântica, em Copacabana. Após o encontro, ele disse ter ?pena? do ministro das Comunicações Miro Teixeira, que praticamente rompeu com o partido para se integrar ao governo e deverá perder o cargo na reforma ministerial. Segundo o líder pedetista, o PT usou o ministro, que, afirmou, perdeu o apoio dos servidores públicos por causa do ?fascínio? pelo poder.
Brizola afirmou que não fala com Miro há tanto tempo que ?já perdeu a conta?. ?O PT o utilizou, neste caso como em outros, conosco e com outros partidos?, criticou Brizola. ?Tem se dedicado a essas manobras, de engrossar, crescer, atraindo, explorando as ambições. Então, como fez e tem feito em outros casos, ia fazer com o Miro. Eu até tenho pena do Miro, que tem seu valor.?
O líder pedetista afirmou que é preciso não esquecer que Miro saiu do chaguismo, corrente do antigo MDB liderada pelo então governador Chagas Freitas, cuja atuação se caracterizava pelo fisiologismo e que dominou a política carioca de 1970 a 1982. ?Nós banhamos o Miro no Rio Jordão?, disse Brizola, fazendo o gesto de quem mergulha alguém na água, supostamente para purificá-lo. A reinserção dele (Miro) vai ser dificultosa e ele tem dito à imprensa que já está cogitando outro partido. Tudo que ele fez demonstrou o pouco apreço que tem pelo PDT?, disse Brizola.
Brizola, deu um ultimato para que Miro Teixeira, deixe o partido. Ao mesmo tempo, a legenda se aproxima do PFL para realizar alianças nas eleições municipais. O PDT, que apoiou a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e esteve ao lado do governo durante a maior parte de 2003, anunciou o rompimento em dezembro e deu prazo até 31 de janeiro para que os integrantes do partido se desincompatibilizem de seus cargos.
O PDT tem outros três representantes no governo, entre eles o presidente dos Correios, Airton Dipp. Segundo Brizola, ele já informou ao partido que vai deixar o cargo, após realizar um balanço da sua gestão na instituição.
?As alianças estão abertas. Estamos recomendando aos nossos companheiros em toda a parte que abram espaço para conversar com o PFL?, disse Brizola, ressaltando que as conversas devem se distanciar ?da questão ideológica?.