Brasília – O sistema de vôos e o controle do tráfego aéreo brasileiros estão entre os melhores do mundo. A afirmação foi feita nesta terça-feira (26) pelo secretário de Finanças da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Neimar Diegues Barreiro, em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo. Segundo Barreiro, os recursos que são destinados à força têm atendido as necessidades da área, e os investimentos têm sido feitos nos diversos setores, de acordo com as necessidades.
"A Aeronáutica tem adquirido os equipamentos necessários, mas, muitas vezes, o processo é demorado, e a entrega leva até oito meses", afirmou o brigadeiro. Ele disse que a força tem aumentado o efetivo, mas ressaltou que a expectativa de crescimento do setor aéreo foi além do esperado e que talvez os investimentos não tenham sido o necessário.
O brigadeiro observou que, até o acidente com o avião da Gol, em setembro do ano passado, o sistema de vôo brasileiro era considerado de Primeiro Mundo. "E de repente, por causa do acidente, nosso sistema não presta", afirmou Barreiro. Para ele, o sistema brasileiro está em nível comparável ao de países europeus, e os investimentos no setor têm sido de larga escala, mas é preciso pensar no futuro e fazer mais investimentos, uma vez que a expectativa é de crescimento do setor.
"É necessário um plano de expansão para o sistema aéreo brasileiro, porque a aviação civil deve crescer", destacou Barreiro. Ele admitiu a existência de uma crise no setor, que precisa ser contornada, mas disse a Aeronáutica vem se esforçando para resolver o problema. "O comandante da Força não quer arrebentar ninguém. Ele quer que o sistema funcione, mas não pode aceitar, de forma nenhuma, a insubordinação e indisciplina dos controladores".
Barreiro lembrou que os controladores de vôo já recebem gratificação de 20 % pela atividade em relação aos outros militares. Sobre a possibilidade de ser concedido um abono para os controladores, como forma de resolver o impasse, disse que isso poderia gerar um impasse entre os militares das três Forças Armadas. Ao invés de resolver o problema, poderia criar insatisfação, acrescentou.
"Se você dá a gratificação para os controladores, e não dá para os outros militares, cria-se um diferencial. Não que os
controladores não mereçam, mas os outros [militares] também precisam de uma remuneração adequada. O ideal seria que houvesse reajuste salarial para todos os militares", defendeu.
Para o relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), o depoimento do brigadeiro foi técnico e consistente e será útil para a elaboração do relatório final da comissão. Maia destacou que o brigadeiro foi claro ao afirmar que "a Aeronáutica tem os recursos a contento". Mesmo assim, disse o deputado, é preciso ficar atento para que não falte dinheiro para novos investimentos e novas tecnologias.
"Temos problemas de outras categorias, diferentes da questão financeira. Por exemplo: a relação com os controladores, os equipamentos, que precisam ser modernizados, e a infra-estrutura, que tem que avançar e acompanhar o processo de crescimento do país", afirmou o relator.
O presidenete da CPI , Marcelo Castro (PMDB-PI), convocou para amanhã (27), às 12 horas, reunião da comissão para votação de vários requerimentos.