Brasília – O primeiro turno das eleições no Brasil mobiliza, hoje, 115.234.113 eleitores, que estão aptos a votar, segundo números do Tribunal Superior Eleitoral. De acordo com um levantamento do órgão, o eleitorado é formado por 58.604.626 mulheres e 56.431.895 homens.
Além dos seis candidatos que disputam a sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso, todos do sexo masculino, há 218 candidatos disputando o cargo de governador de Estado, 349 o de senador, 4.901 o de deputado federal, 12.733 o de deputado estadual e 673 o de deputado distrital. O total de candidatos aptos a tentar uma das 1.600 vagas em disputa é de 18.880. Candidatos homens são 16.047; mulheres, 2.639.
A ordem de aparição dos candidatos na urna eletrônica, isto é, a ordem em que o eleitor escolherá seus representantes na hora de votar, é a seguinte: deputado federal, deputado estadual ou distrital (DF), senador 1, senador 2, governador e presidente. Os seis candidatos à Presidência da República são: Luiz Inácio Lula da Silva, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Ciro Gomes, Partido Popular Socialista (PPS), José Serra, Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Anthony Garotinho, Partido Socialista Brasileiro (PSB), Zé Maria, do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) e Rui Costa Pimenta, do Partido da Causa Operária (PCO).
O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputa pela quarta vez a Presidência da República, tendo sido nas três anteriores o segundo candidato mais votado. Ele chega hoje no primeiro turno na condição de favorito, liderando com folga a corrida eleitoral, mas ainda faltando poucos percentuais para definir a eleição em um turno só. Lula suavizou muito o seu discurso e também a sua aparência. Desde a criação do PT em 1980, na esteira das grandes greves no ABC nos anos 70, Lula tornou-se o nome mais popular e carismático da esquerda brasileira. Lula veio de uma família pobre e teve a base de sua formação política nas lutas sindicais travadas durante o regime militar.
O Partido dos Trabalhadores, por sua vez, nasceu diretamente destas lutas. Junto com sua mãe e irmãos, este pernambucano de Garanhuns mudou-se para São Paulo quando criança. Começou a trabalhar antes dos 14 anos e quando ingressou numa fábrica de parafusos fez o curso de torneiro mecânico.
O segundo nome na corrida, de acordo com as pesquisas recentes, é José Serra (PSDB), candidato do governo. Serra também tem passado humilde, ajudava o pai, imigrante italiano, a vender abacaxis em um bairro operário de São Paulo. Mas desde esse tempo desenvolveu uma característica que o marcou: conquista amigos com a mesma velocidade que faz inimigos. Hoje ele é um daqueles paradoxos políticos. Excelente currículo, ótimo ??quadro?? do partido e candidato do presidente FHC, é o único dos principais presidenciáveis – fora o líder das pesquisas, Lula -que nunca venceu uma eleição ao Executivo. Deputado federal por dois mandatos, eleito senador em 1994, nas duas vezes que tentou a Prefeitura de São Paulo perdeu.
No comando do Ministério da Saúde, enfrentou as gigantes mundiais do fumo e da indústria farmacêutica e venceu. Serra, filho único, desenvolveu uma obstinação que fez dele mais um rolo compressor do que um sedutor na busca por seus objetivos. “Ele é duro, extremamente objetivo e negocia pouco??, afirmou Valeriano Ferreira Costa, professor de política da Unicamp, que reconheceu no tucano alguém “extremamente competente??.
Iniciando a corrida eleitoral como candidato a mero figurante, Anthony Garotinho (PSB) surpreendeu ao renunciar em abril ao governo do Rio de Janeiro. Entrentanto, Anthony William Garotinho Matheus de Oliveira chega na reta final encostando em José Serra e cotado para disputar um segundo turno, caso ele se realize. O ex-radialista nascido em Campos, no Norte fluminense, ateu até 1994, quando se tornou membro da Igreja Presbiteriana, provou que sua campanha era mais que um simples ensaio para as próximas eleições presidenciais de 2006.
O quarto nome do primeiro pelotão que disputa o Palácio do Planalto é Ciro Gomes. Se as últimas pesquisas de intenção de voto se confirmarem neste domingo, Ciro Gomes vai encerrar sua segunda tentativa de chegar à Presidência com a mesma votação de quatro anos atrás, no que vem sendo considerada por analistas como a pior campanha de 2002. Aos 44 anos, com duas décadas de experiência política, o candidato da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB) deve repetir os mesmos 11 por cento do votos válidos – que excluem brancos e nulos – de 1998.
Perto de um recorde eleitoral
Brasília
– Das urnas, pode nascer hoje um recorde eleitoral. Segundo as mais recentes rodadas de pesquisas do instituto Ibope, a eleição para governadores poderá ser decidida hoje em até 19 estados do País. Sujeitos a surpresas – como as produzidas pelos indecisos de hoje e mesmo pelas intempéries de amanhã – os números do Ibope registram como praticamente certa a realização de segundo turno em oito estados brasileiros: Amapá, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo. Nos demais, a eleição pode ser liquidada já.Confirmada essa tendência, o volume de estados com eleição concluída hoje será significativamente superior ao das duas eleições passadas. Em 1994, a eleição foi encerrada em primeiro turno somente em nove estados do País. Nos 18 restantes, o confronto foi para o segundo turno. Em 1998, houve segundo turno em 13 estados do País, praticamente o dobro do número previsto nas pesquisas para este ano.
Tanto em 1994 como em 1998, a disputa pelo governo de Minas Gerais, por exemplo, chegou ao segundo turno. Agora, somente uma reviravolta tira a vitória de Aécio Neves (PSDB) no estado. Além de Minas, o quadro é quase irreversível em mais 11 estados: Acre, Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Roraima e Tocantins.
No Espírito Santo, por exemplo, o senador Paulo Hartung (PSB) tem 51% dos votos válidos contra os 45% do adversário Max Mauro (PTB), segundo pesquisa divulgada sexta-feira pelo Ibope. Pela margem de erro – de 3,5 pontos percentuais – os dois estão tecnicamente empatados.
TSE libera pesquisas após às 17 horas
Brasília
– As pesquisas de boca-de-urna referentes à eleição para presidente da República poderão ser divulgadas já a partir das cinco da tarde deste domingo em cada Estado onde a votação já tiver sido encerrada. A norma foi anunciada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os ministros do TSE reconsideraram uma decisão anterior, pela qual a divulgação das pesquisas só poderia começar quando a eleição terminasse nos estados onde há diferença de fuso horário. O objetivo era evitar que a população destes estados se sentisse influenciada pelo resultado das enquetes.São seis os estados brasileiros onde o fuso horário varia de uma a duas horas em relação a Brasília: Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Nestes estados, a divulgação somente poderá ocorrer após o término da votação local. Os ministros do TSE reexaminaram a questão após uma consulta da Rede Globo. A divulgação de dados não-oficiais sobre a eleição estadual poderá ocorrer também logo após o horário de encerramento da votação.
As demais determinações do continuam válidas e devem ser respeitadas. As dúvidas podem ser resolvidas através da internet, onde o TSE colocou uma ampla lista esclarecendo as dúvidas mais freqüentes dos eleitores e lembrando certos deveres e direitos que regem os brasileiros antes, durante e após depositarem seu voto.