Washington – Brasileiros residentes nos EUA e simpatizantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra fazem até amanhã uma série de manifestações para lembrar o assassinato da irmã Dorothy Stang, em 12 fevereiro, no Pará, que teve pouca atenção da imprensa americana. E também para dar visibilidade à marcha do MST a Brasília, que marca os nove anos do massacre de 19 trabalhadores rurais em Eldorado dos Carajás. Estão programadas palestras, debates, exibição de filmes, uma marcha e um acampamento.
A montagem do acampamento simbólico do MST está previsto para o campus da American University, situado numa das regiões mais ricas da capital norte-americana. Mistura de seminário acadêmico e feira política, o programa prevê exibição de filmes e vídeos sobre o MST e a Amazônia, depoimentos de estudantes da universidade que visitaram o movimento no Brasil, um almoço brasileiro, discussões com duas religiosas que trabalharam com irmã Dorothy no Pará e palestras de acadêmicos como o brasilianista Ralph Della Cava, da Universidade de Columbia, um estudioso da religião no País. Participam da programação representantes de organizações de pequenos agricultores americanos, como a National Family Farm Coalition, contrária à redução de subsídios federais a fazendeiros e a acordos de liberalização do comércio agrícolas, e a Agribusiness Accountability Initiative, ligada à igreja católica.
Dois irmãos de Dorothy, David Stang e Marguerite Hohm, falarão numa cerimônia que encerrará o primeiro dia do evento, hoje. Amanhã, os participantes marcham os cerca de 3 quilômetros arborizados que separam a universidade da embaixada do Brasil, na avenida Massachusetts, para entregar uma carta de apoio à reforma agrária endereçada ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O embaixador do Brasil em Washington, Roberto Abdenur, disse que vai receber a comissão de representantes dos participantes do evento e encaminhar a Brasília o documento endereçado a Lula.
Visita do juiz
O juiz de Pacajá, Lucas do Carmo Jesus, visitou na terça-feira o presídio de Americano III, em Santa Izabel, para verificar a denúncia de que os pistoleiros que mataram a missionária Dorothy Stang estariam recebendo ameaças de morte no local. Rayfran Sales e Clodoaldo Batista disseram ao juiz que receberam ameaças durante o banho de sol. Mas durante a visita, o juiz avaliou a penitenciária e disse que ela oferece condições para a segurança dos dois, que continuarão presos no local.