Brasileiros aproveitam férias para ‘overdose’ de Copa

Véspera de férias costuma evocar ansiedade por causa de viagens e passeios há tanto tempo planejados com a família e os amigos e que no dia a dia acabam ficando em segundo plano. No entanto, centenas de trabalhadores não querem nem saber de colocar o pé na estrada nos próximos 30 dias e já se imaginam horas e horas jogados no sofá, na frente da TV. Para esses, é hora do maior espetáculo do esporte mais popular para o brasileiro, a Copa do Mundo. Por isso, trataram de marcar as férias do trabalho justamente no período do mundial, para curtir grandes batalhas dentro de campo, não importa se entre grandes potências ou um instigante confronto entre Argélia versus Eslovênia ou Coreia do Norte contra Costa do Marfim.

Esses são os planos do servidor da Justiça Federal de Florianópolis Fábio Henrique Flores, de 40 anos, que se define como “meio maluco” por futebol. Desde a Copa de 1982 acompanha todos os jogos do mundial. Até foi a um, em 1998, na França, quando a seleção brasileira perdeu na final para os donos da casa. Por isso, se acostumou a tirar folga nessa época de “overdose de futebol” – só na primeira fase são 48 jogos, de dois a quatro por dia. Apenas não tirou férias em 2002, quando o campeonato foi realizado no Japão e na Coreia do Sul e as partidas ocorreram durante as madrugadas brasileiras. “Tem gente no serviço que não acredita que eu tiro férias para assistir a Copa pela TV”, diz.

E a preparação de Flores começou antes mesmo das convocações das seleções: reservou junho para férias no começo do ano, comprou uma TV de 46 polegadas e já combinou com um amigo, oficial de Justiça, de acompanharem algumas partidas juntos, com direito a churrasco e fartura de cerveja na geladeira. “Essas férias são dedicadas ao futebol mesmo. Ou eu ia para a África do Sul ou eu assistiria a Copa em casa”, afirma. Só não foi ver os jogos in loco por causa dos preços dos pacotes.

Quem se adiantou mesmo para coincidir as férias com o mundial foi o técnico-administrativo Diogo Fernandes, de 30 anos, de Curitiba. Em dezembro já comunicou o chefe do escritório da Companhia Paranaense de Energia (Copel) onde trabalha. “Teve colega que tentou marcar também para junho, mas reservei com bastante antecedência. Todo mundo começa a prestar atenção nisso perto da Copa”, afirma.

No mundial passado acompanhou a maior parte dos jogos no trabalho. Mas é impossível dedicar toda a atenção às partidas. Ainda mais quando se está começando no emprego, tendo que fazer uma “média” para o chefe, como era sua situação na época. Entre uma tarefa e outra, Fernandes corria para a televisão do escritório e conseguia ver as seleções em campo por alguns minutinhos. Em caso de prorrogação, conseguia esticar esse tempo um pouco mais. Agora, para um fã incondicional do futebol, “uns minutinhos” de um jogo de Copa do Mundo – seja qual partida for – é muito pouco.

Nesse ano ele terá dedicação total à Copa. E planeja assistir aos jogos em casa mesmo, já que não gosta de ver as partidas ao lado de muita gente. “Me dá uma certa raiva das pessoas que só veem futebol quando chega a Copa do Mundo. Não entendem nada e com muita gente não prestam atenção. Prefiro ver sozinho”, conta.

In loco

Já outro curitibano, o bancário e estudante Rodrigo Pilatti, resolveu sentir o clima de Copa in loco após anos acompanhando o espetáculo pela TV. Ele convenceu um primo da ideia e estão de malas prontas para a África do Sul. “Sempre tive o sonho de ir pra Copa, mas achava que era algo distante. Até que no começo do ano passado comecei a pesquisar e vi que não seria tão difícil e tão caro como pensava”, diz.

Claro, Pilatti não deixa de tirar onda com os amigos. Quanto mais se gabava da folga e da viagem para ver os maiores craques em campo, mais os amigos ficavam “secando” as seleções que ele vai ver jogar. “Como comprei alguns ingressos antes da definição dos grupos, tinha um amigo que falava que eu só ia pegar jogos ruins, do tipo Coreia do Norte contra Honduras, Nova Zelândia x Eslovênia.”

Mas agora, os colegas do banco pedem até para ele mandar pela televisão um recado para os que ficarão no escritório. “Dizem para eu aparecer um cartaz escrito ‘Filma eu’, ‘Um abraço pra galera do banco’ e coisas do tipo”, conta.

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