“Caos” é a palavra mais utilizada pelos 38 brasileiros que aguardam um voo de Nova York para Guarulhos desde a 23h30 de sábado, 7 (horário local). Junto de um grupo de cerca de 100 pessoas, que embarcaram na segunda-feira, 8, eles reclamam de falta de assistência da Avianca, que teria passado poucas informações e demorado mais de 24 horas para fornecer auxílio para alimentação e hospedagem.
Dentre as reclamações, estão ainda frio, falta de diálogo e extravio de bagagens. De acordo com a companhia aérea, o voo não decolou devido à onda de frio que atinge os Estados Unidos e, também, em decorrência de um problema técnico identificado na aeronave.
“Era o caos instaurado. Tinha crianças sendo trocadas no chão frio porque as pessoas tinham medo de perder espaço”, comenta o representante comercial Eduardo Tadeu de Oliveira, de 33 anos. Segundo ele, muitas pessoas dormiram no aeroporto no primeiro dia por não terem certeza de quando embarcariam e porque a companhia ofereceu auxílio-hospedagem apenas na madrugada de domingo para segunda-feira.
Oliveira contesta a versão de que o voo não saiu devido às questões climáticas, pois diz ter visto outros voos pousarem e decolarem no mesmo local – o terminal 4 do Aeroporto Internacional John F. Kennedy. Um dos porta-vozes dos passageiros, ele criou um grupo de WhatsApp para organizar as reivindicações de todos.
“De uma maneira geral, a Avianca não assistiu ninguém. A situação só mudou na segunda, quando chegaram funcionários da Avianca Brasil”, conta ele, que estava de férias nos Estados Unidos desde o dia 24 de dezembro, acompanhado da noiva.
Dentre idas e vindas, os horários de embarque mudaram entre sábado e segunda-feira, inclusive com a condução de passageiros para dentro de uma aeronave, na qual permaneceram por cerca de três horas. Diante da situação, o administrador de empresas Felipe Bueno, de 34 anos, resolveu comprar uma nova passagem, por outra companhia aérea, para regressar com a esposa, Camila Bueno, de 31 anos, que está com seis meses de gestação.
“Chegamos a ficar 24 horas acordados no aeroporto aguardando um voo que nunca saía. Depois de muitas reclamações e a minha esposa passar mal, a concederam uma cadeira de rodas para ela se deslocar pelo aeroporto”, conta. Segundo Bueno, Camila teve taquicardia e crises de hipertensão devido ao estresse.
De férias nos Estados Unidos, o casal teve ainda duas das quatro malas extraviadas, as quais justamente traziam o enxoval do bebê. O administrador afirma ter tido um custo de R$ 15 mil desde o dia 4 – data inicial de retorno, que foi transferida para o sábado por problemas climáticos.
Já a militar Patrícia Ribeiro, de 39 anos, diz que toda a sua bagagem foi extraviada. “Estou só com a roupa do corpo”, comenta. De acordo com ela, funcionários da companhia impediam os passageiros de se aproximarem do balcão da companhia.
“Recebi um e-mail (no sábado) de que o voo estava atrasado e seria remarcado para o dia seguinte, às 10h30, e que eu deveria me apresentar com antecedência. Aí foi uma ‘via crucis’ a noite inteira: a gente improvisou, deitou todo mundo no chão, estava muito frio porque desligaram a calefação do aeroporto por causa de um vazamento de água”, conta.
A militar reclama ainda que a empresa levou mais de 24 horas para oferecer uma vale-alimentação, que era de 15 dólares. Ela diz que tentou fazer uma queixa sobre o extravio da bagagem, mas que foi instruída de que o procedimento poderá ser feito apenas quando chegar ao Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos.
Companhia
Segundo a Avianca, foi oferecida “toda a assistência” aos passageiros. “Parte deles seguiu para o Brasil em dois voos da companhia, um extra (9500 JFK-GRU) que aterrissou hoje pela manhã e outro (8501 JFK-GRU), com chegada prevista para às 16h10. Os demais virão em voos de companhias parceiras previstos para decolarem nas próximas 24 horas. Todos os passageiros estão sendo comunicados via telefone, SMS e e-mail”, respondeu por meio de nota.
“A Avianca Brasil lamenta o desconforto causado aos seus passageiros, destaca que situações adversas causadas por motivos meteorológicos são alheias à vontade da companhia e que eventuais manutenções corretivas são procedimentos, às vezes, necessários nas operações aéreas. A empresa salienta ainda que preza, acima de tudo, pela segurança de seus clientes e tripulantes”, acrescenta.