O medo de andar sozinho à noite perto de casa é rotina à quase sete em cada 10 brasileiros. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que o medo da violência atingiu em 2017 o ponto mais alto da série: 68% disseram se sentir inseguros em andar à noite na sua vizinhança.

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A pesquisa Percepções da Crise, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicada na quarta-feira, 17, compara a evolução da percepção dos brasileiros em relação a outros 124 países. O dado coloca o Brasil como o segundo com maior medo de violência em 2017. O primeiro é o Afeganistão, com 79%.

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Em relação à percepção da insegurança, o brasileiro vive um medo duas vezes superior ao restante do mundo. A taxa mundial é de 30%. O resultado coloca ainda o Brasil com uma percepção sobre a violência igual à do sul-africano.

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“Embora o dado indicasse alta insegurança de 59% no início da série em 2010, houve um salto de insegurança entre 2012 (53%) e 2013 (65%)”, conclui o estudo coordenado por Marcelo Neri, diretor do FGV Social.

Em relação a gênero, mundialmente, mulheres (35%) sentem mais medo de andar sozinhas à noite na rua do que os homens (24%). No Brasil, esse índice dobra: 76% delas têm receio de caminhar à noite, ante 60% dos cidadãos do sexo masculino.

O estudo revela que o fenômeno é típico das grandes cidades. “Mundialmente, as pessoas são mais medrosas em que mora em áreas urbanas. No Brasil, também”, analisa Neri. Nos municípios maiores, 75% dos moradores sentem temor de andar sozinhos na rua escura. Já nas cidades menores, incluindo o campo, 61% têm essa percepção.

“Os extremos assumidos pelas percepções dos brasileiros captadas numa extensa lista de países, incluindo os mais violentos, os mais pobres e etc., sugere situação psicossocial crítica”, explica o levantamento.

A pesquisa também perguntou ao brasileiro se nos últimos 12 meses ele teve dinheiro ou propriedade roubada (sua ou de algum familiar). No mundo, 13% responderam que sim. No Brasil, 15%. Quando comparadas as áreas urbanas e rurais, novamente as cidades maiores (18%) se sobressaem em relação às menores (11%).

“Há um aspecto subjetivo. O Brasil está ruim, piorou, mas não é tão extremo. O problema do Brasil não é só a violência. Além da violência, as pessoas estão com muito medo. O medo exacerba mais os dados. Há um lado psicológico nisso também”, explica o diretor do FGV Social.