Pelo menos 40% das vítimas de tráfico de pessoas em Portugal são mulheres de nacionalidade brasileira. Em geral são jovens, solteiras, com menos de 25 anos cujo objetivo é conseguir um emprego em Portugal e acabam sendo enganadas por propostas de trabalho. A conclusão está no Relatório Anual de 2009 do Observatório do Tráfico de Seres Humanos, órgão ligado ao Ministério da Administração do Interior de Portugal.
As informações são da BBC Brasil. Para o diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Manuel Jarmela Paulus, o maior número de brasileiros entre as vítimas está relacionado apenas à dimensão da comunidade – com 100 mil pessoas, mais de 20% do total de imigrantes no país. O segundo grupo mais numeroso de vítimas é proveniente de países do Leste Europeu.
Segundo Joana Daniel Wrabetz, responsável pelo estudo, a maior parte das brasileiras vítimas de tráfico vem de Goiás, Minas Gerais e de Estados do Nordeste. O estudo foi feito baseado em 84 casos registrado em 2009, dos quais sete já foram levados a julgamento. Sobre os agressores, também foi estabelecido um perfil.
“Geralmente é um português que conhece os prostíbulos onde pode colocar as vítimas, muitas vezes em parceria com um estrangeiro”, afirmou Wrabetz. De acordo com ela, há uma diferença entre o tráfico da imigração ilegal para a prostituição.
“No tráfico, depois de entrar no país, as vítimas perdem seus direitos, estão a ser violentadas e ficam reduzidas a uma situação de escravatura. O fato de que muitas brasileiras tenham vindo sabendo que iam trabalhar na prostituição não pode servir de desculpa para justificar o tráfico”, afirmou a especialista.
Em geral, informa o relatório, as vítimas são mantidas em cárcere privado, ficando com os documentos retidos e impedidas de se comunicar. Não há dados em Portugal sobre o total de vítimas. Na tentativa de conter os crimes, há uma parceria entre os governos do Brasil e de Portugal.
“Este é o segundo ano que fazemos o relatório. Não tenho meios para dar uma estimativa do universo total de vítimas de tráfico. Ainda não foi possível reunir dados históricos para elaborar modelos para predizer a realidade”, relata Paulo João, da Direção Geral da Administração Interna, órgão ligado ao Ministério da Administração Interna. “As parcerias com a Polícia Federal têm sido exemplares. No Brasil, a questão do tráfico de pessoas também preocupa as autoridades brasileiras.”
Sem dar números de operações e de pessoas que teriam sido detidas por tráfico, ele indica como resultados da parceria com a Polícia Federal a presença de agentes brasileiros em Portugal.