Foto: Sophia Paris/Agência Estado

Em Porto Príncipe, tropa homenageou o general Urano Bacellar; antes de seu corpo ser transladado.

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O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, descarta a possibilidade do Brasil deixar o comando da força militar da missão da Organização das Nações Unidas no Haiti (Minustah). ?Nós não podemos de forma alguma, nem mesmo questionar, a missão. Não podemos recuar de forma alguma?, disse. No sábado passado, o general brasileiro Urano Bacellar, o comandante das tropas da ONU, foi encontrado morto no quarto do hotel onde morava na capital, Porto Príncipe. ?Há um trabalho para que o comando continue com o Brasil. Não tenho dúvida nenhuma que o comando deve ficar com o Brasil?, acrescentou José Alencar. Na tarde de ontem, o vice-presidente se reuniu com o comandante do Exército, Francisco Albuquerque, para decidir o nome do general que será submetido à ONU para chefiar os soldados no país.

Brasília (ABr e AE) – O Brasil comanda a força militar da missão de paz da ONU no Haiti (Minustah) desde junho de 2004. Os 1.200 soldados do País que estão no Haiti formam o maior contingente brasileiro enviado ao exterior desde a 2.ª Guerra Mundial. O Conselho de Segurança da ONU autorizou o envio de força militar na missão de paz para garantir a estabilidade e a segurança no país após a queda do ex-presidente Jean Bertrand Aristide.

Deputados defendem volta dos brasileiros

A posição do governo contraria membros da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Para eles, com a morte do general Urano Bacellar, os cerca de 1.200 soldados brasileiros que se encontram no Haiti deveriam voltar para o Brasil logo após as eleições haitianas. Os parlamentares afirmaram que os militares fazem um bom trabalho, mas acrescentaram que não há condições de permanecerem no país sem que sejam liberados recursos prometidos pela ONU.

Para Orlando Fantazzini (PSOL-SP), membro da comissão, o Brasil cumpre seu papel no Haiti, mas o governo estaria sendo enganado, porque investimentos prometidos, principalmente pelos EUA, não estão chegando. ?Por um lado é bom porque o Brasil ganha experiência em missões internacionais. Por outro, é lamentável que o Brasil presta um serviço sujo aos EUA, que não fazem os investimentos prometidos. A morte do general Urano nos força a uma reflexão sobre a manutenção ou não das tropas no Haiti. Assegurada a eleição, é hora de ir para casa?, disse ele.

O substituto

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O nome do substituto do general Urano da Matta Bacellar, que comandava a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah), já foi escolhido pelo comandante geral do Exército, general Francisco Albuquerque. Trata-se de José Elito Carvalho Siqueira, comandante da 6.ª Região Militar. O nome será submetido à ONU. Ontem, o governo brasileiro obteve o apoio do grupo de países envolvidos na pacificação e reestruturação do Haiti para permanecer no comando das operações militares da Organização das Nações Unidas (ONU) no país caribenho. Com a decisão, o Brasil livrou-se do pesado custo político e da possível desmoralização que a perda desse posto traria para o País, justamente no momento em que reacende sua campanha por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança.