Brasil tenta controlar violência no Haiti

Porto Príncipe – A brigada brasileira da Força de Paz da ONU no Haiti anunciou neste fim de semana que vai ampliar as medidas de segurança na capital do país, Porto Príncipe, em virtude do aumento da violência das últimas semanas. De acordo com um boletim informativo divulgado pela brigada, seis medidas passaram a ser adotadas a partir desta sexta-feira, entre elas o patrulhamento aéreo da capital e o uso de blindados em patrulhas durante a madrugada. A polícia do Haiti passou a fazer operações em redutos de simpatizantes do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide em Porto Príncipe.

Durante uma operação, ocorrida no início da noite de sexta-feira, os policiais invadiram a favela de Bel Air. Segundo testemunhas, foram ouvidos tiros, embora não se saiba ao certo quem os tenham disparado. A operação encerrou um dia de tensão em Porto Príncipe, durante o qual simpatizantes de Aristide celebraram os dez anos do retorno do presidente ao país depois de ter sido afastado em um golpe de Estado, em 1991.

A embaixada americana na capital foi fechada, e os representantes dos Estados Unidos reiteraram a recomendação para que seus cidadãos deixem o país. O porta-voz interino das tropas brasileiras no Haiti, o coronel Luiz Felipe Carbonell, disse que boa parte do comércio fechou as portas, temendo atos de violência, e foram registradas pequenas manifestações na cidade. O militar disse que os últimos dois dias foram relativamente calmos na região de Porto Príncipe, onde cerca de 1,2 mil soldados brasileiros, da força de paz da ONU para o Haiti, estão estacionados.

“O comércio combinou uma greve, muito menos gente estava nas ruas, mas não houve grandes incidentes. No porto, mais de dez barcos descarregaram sem problemas”, explicou Carbonell. O militar disse que a operação da polícia haitiana foi o momento de maior tensão do dia, mas disse que “não tem notícias” de mortos ou feridos.

Simpatizantes de Aristide – que deixou o poder em fevereiro e vive no exílio na África do Sul – estão sendo culpados pelas mortes. Mas, segundo Carbonell, o recrudescimento da violência no Haiti é resultado das expectativas frustradas da população nos últimos meses. “Havia uma expectativa de mudanças que foi frustrada nos últimos meses. No Haiti, as pessoas não têm perspectivas, há falta de empregos”, disse. “Em Porto Príncipe mesmo, há pessoas que passam fome. E também há uma grande falta de policiais, que deveriam cuidar dos crimes comuns. Vai chegar um ponto em que não adiantará conversar”, explicou, ressaltando que, até o momento, não foram registrados episódios de hostilidade contra os soldados brasileiros.

O coronel elogiou a iniciativa do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que na quinta-feira pediu que os países que prometeram contribuir com tropas para a força de paz da ONU no Haiti o façam com urgência. Segundo Amorim, no momento a força de paz da ONU opera com menos da metade dos soldados prometidos (6,7 mil). Um contingente de 200 soldados espanhóis embarcou esta semana de navio para o Haiti.

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