O Brasil tem um dos piores índices de representação de mulheres no poder público, com uma média que chega a ser inferior a dos países árabes, região considerada como uma das mais problemáticas em termos de direitos das mulheres. Dados divulgados nesta terça-feira (4) pela União Interparlamentar (UIP) indicam que a média de mulheres no Congresso Nacional ou nos postos de ministro está abaixo da média latino-americana e mesmo da média mundial.
Entre os 156 países avaliados pela entidade, o Brasil ocupa apenas a 108 posição no que se refere ao número de mulheres na Câmara de Deputados. O índice registrado é de 9%, ou seja, 46 deputadas entre 513 membros. No Senado, 12,3% são mulheres, dez de um total de 81 senadores. Segundo a UIP, países como Gâmbia, Sierra Leoa, Níger, Síria, Sudão, China e Iraque contam com números mais positivos de participação feminina no poder que o Brasil.
A média brasileira é ainda quase metade da média mundial. No mundo, 17,7% dos parlamentares são mulheres, número recorde desde 1945. Há dez anos, esse índice era de apenas 11%. Nos senados, a proporção chega a 16,7%. Apesar do progresso dos últimos anos, a UIP acredita que uma paridade entre homens e mulheres no poder somente ocorrerá em 2050. Hoje, a liderança é de Ruanda, com 48,8% de mulheres ocupando cadeiras nas câmaras de deputados, seguido pela Suécia, com 47%, Finlândia com 41% e Argentina com 40%.
Antes das eleições em 2006, o Brasil ocupava a 103ª posição no ranking. Naquele ano, o Brasil tinha um índice inferior de mulheres no Congresso, de 8,8%. Mas apesar de ver um aumento da participação feminina nas últimas eleições, o crescimento foi inferior ao registrado em outros países e o Brasil acabou caindo algumas posições no ranking.
Ministérios
Em termos de representação das mulheres no governo federal, a entidade aponta a existência de quatro ministras entre as 35 pastas até o final do ano passado. Em termos percentuais, isso representa 11,4%. Com tais índices, o Brasil ocupa a 64ª posição no ranking, longe dos 57% da Finlândia ou Chile, com 40%. Segundo a UIP, a média no mundo é de 16,1% mulheres nos gabinetes federais.
Segundo o secretário-geral da UIP, Anders Johnsson, a América Latina tem uma das melhores representações de mulheres no poder, inclusive com presidentes no Chile e na Argentina. Na América Latina, a representação feminina nos congressos passou de 17% para 23%. A UIP também alerta para o pequeno número de mulheres nos postos de presidente e primeiro-ministro. Dos 150 chefes de Estado, apenas sete são mulheres. Dos chefes de governo, há apenas oito mulheres entre 192.