Ao investigar pela primeira vez as etnias e as línguas faladas pelos índios do Brasil, o Censo 2010 revelou um cenário mais diversificado do que o esperado por pesquisadores. No total, foram encontradas 305 etnias e 274 línguas diferentes. Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo a pesquisadora Nilza Pereira, do IBGE, as informações disponíveis até então apontavam para a existência de cerca de 220 etnias e 180 línguas. O próprio site da Funai (Fundação Nacional do Índio) cita esses números, consagrados na literatura sobre o tema. “Estamos descobrindo um país que nem os pesquisadores conheciam”, afirma Pereira.
No total, 75% dos 817,9 mil indígenas do país declararam pertencer a alguma etnia. Nas terras indígenas – pertencentes à União e de utilização exclusiva dos índios – esse percentual foi ainda maior, de 89,5%. Fora delas, ficou em 55,2%.
Segundo o IBGE, a etnia mais populosa foi a Tikúna, seguida pela Guarani Kaiowá e pela Kaingang. O Censo também mostrou que 37,4% dos índios no país falam alguma língua indígena. Ao mesmo tempo, 17,5%, quase um quinto do total, não falam português. Nas terras indígenas, a parcela dos que não sabem português chega a 28,8%. Fora delas, fica em 3,5%.
Apesar da diversidade, muitas línguas podem estar em risco de desaparecimento. Segundo o levantamento, quase metade (47,4%) das línguas faladas fora das terras indígenas têm até dez falantes apenas.