São Paulo – Existem no Brasil 1,5 milhão de crianças entre sete e 14 anos fora da escola, ou seja, 5,5% das 27 milhões de crianças brasileiras. Em termos absolutos, o Estado de São Paulo tem o maior número dos chamados ?excluídos educacionais?: 168.730 crianças sem estudar. Os dados – referentes ao ano de 2000 – fazem parte da primeira etapa do programa Escola de Todos, que fez um diagnóstico da situação educacional das crianças no país.
Apesar de campeão em números absolutos, São Paulo tem o terceiro menor percentual de crianças fora da escola do país (3,21%), perdendo apenas para o Rio Grande do Sul (2,71%) e o Distrito Federal (2,38%). As quase 169 mil crianças paulistas fora da escola representam, entretanto, 11,28% do total de crianças entre sete e 14 anos que não estudam no Brasil.
O secretário de Inclusão Educacional do Ministério da Educação, Osvaldo Russo, apresentou os resultados do Mapa da Exclusão Educacional aos deputados estaduais da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa de São Paulo.
Russo explicou que na próxima etapa do Escola de Todos, as crianças que estão fora da escola serão identificadas uma a uma e cadastradas para serem efetivamente encaminhadas à escola. Para a realização desse trabalho, segundo o secretário, serão feitas articulações com prefeituras, secretarias municipais e estaduais de educação, rede de proteção à criança, agentes comunitários de saúde, conselhos tutelares, igrejas e outros segmentos da sociedade organizada. ?De tal forma que a gente faça um mutirão no Brasil, com todas os estados e municípios, para colocar todas as crianças nas escolas e garantir a elas sucesso escolar?, observou.
O secretário destacou, entre os resultados apurados, o alto nível de evasão escolar que existe no país. ?Temos hoje, das crianças que entram no ensino fundamental no Brasil, na primeira série, menos de 50% conseguem concluir a oitava série do ensino fundamental?, disse, acrescentando que ?das crianças que entram na primeira série do ensino fundamental, menos de 30% concluem o ensino médio?.
A baixa qualidade de ensino, uma das principais causas apontadas pelo estudo para as crianças estarem fora da escola, também é uma grande preocupação.
O diretor de Avaliação da Educação Básica do Instituto de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), Carlos Henrique Araújo, explicou que 59% das crianças que estão terminando a quarta série têm dificuldade de leitura e, desse total, 22% são praticamente analfabetas. E destacou que ?a área rural concentra um maior percentual de crianças fora da escola?.
A estratégia do Governo para melhorar a qualidade de ensino, segundo o secretário, tem duas diretrizes básicas: melhorar a formação dos professores e o projeto político pedagógico das escolas, ?tornando a escola mais atraente e mais eficiente?. Essas ações, afirmou o secretário, são mais complexas.
?Elas exigem, por exemplo, um novo sistema nacional de educação, que está em andamento no Governo Federal. Trata-se de fazer alguma coisa parecida com o SUS (Sistema Único de Saúde) – que já foi um avanço ? um sistema de educação que não seja fragmentado, mas cooperativo, um novo pacto da Federação, de estados, municípios e a União na questão da educação?, explicou.
