Brasil tem 14 milhões de famintos, revela IBGE

Rio (AE) – A promessa de garantir três refeições diárias a todos os brasileiros, várias vezes repetida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está longe de se tornar realidade. A comprovação da distância entre intenção e realidade foi divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estudo inédito revelou que mais de 3,3 milhões de famílias em todo o País convivem de forma rotineira com o pesadelo da fome. Um total de 14 milhões de brasileiros, número equivalente a 7,7% da população, vivem no que o instituto chama de ambiente de ?insegurança alimentar grave?. Em outras palavras, passam fome. Deixam de comer por absoluta falta de dinheiro para comprar alimentos.

O estudo, chamado Segurança Alimentar, foi realizado por encomenda do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. A principal novidade está na metodologia usada, que permitiu, pela primeira vez, identificar e contar o número de pessoas em diferentes estágios de risco alimentar. O novo método enterra de vez as estimativas anteriores usadas com alarde, mas sem respaldo técnico.

O estudo identifica não apenas aqueles que passam fome, mas também os que convivem com a preocupação de eventual falta futura de comida. Essas pessoas são consideradas em estado de insegurança alimentar, leve, moderada ou grave. Existem 18 milhões de residências nessa situação. Nelas moram 72 milhões de brasileiros, quase 40% da população do País. Nos dois últimos degraus, estão cerca de 40 milhões de pessoas (22% da população total) que enfrentavam à época da pesquisa (último trimestre de 2004) ?limitação de acesso quantitativo a alimentos básicos?.

Os estados do Norte e do Nordeste, mais uma vez, lideram a trágica estatística: mais da metade da população dessas regiões mora em domicílios onde a quantidade de alimentos disponíveis é insuficiente.

Santa Catarina, com 2%, São Paulo, com 3,4%, além de Paraná, Rio de Janeiro e Sergipe, todos com 3,7%, compõem o bloco dos cinco estados que apresentam a menor proporção de domicílios onde a fome é mais do que uma ameaça.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo