Conhecido com um dos países que mais realizam cirurgias plásticas no mundo, o Brasil registrou 1.252 operações estéticas por dia entre setembro de 2007 e agosto de 2008. Ou seja, foram 457 mil cirurgias desse tipo no período. Somadas aos procedimentos reparadores – normalmente feitos em pacientes após uma grave doença ou vítimas de violência – foram 629 mil operações. Os dados são de uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), encomendada ao Instituto Datafolha e divulgada ontem. Em 2004, segundo outra pesquisa da sociedade, foram 617 mil cirurgias no total.

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O levantamento revela também que, pela primeira vez, os implantes de silicone (96 mil) ultrapassaram as lipoaspirações (91 mil), até então a preferida dos brasileiros. As mulheres foram as que mais procuraram os procedimentos estéticos: 402 mil, contra 55 mil homens. Para se ter ideia da magnitude desses números, em todo o ano passado, foram feitos 116.821 procedimentos cardiovasculares no País, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e do DataSUS.

Os resultados da pesquisa são bem recebidos pelo presidente da SBCP, José Yoshikazu Tariki, mas faz uma ressalva: a qualidade dos médicos atuando como cirurgiões plásticos. “Algumas especialidades são tão específicas que só deveriam ter profissionais capacitados atuando”, afirma. A preocupação de Tariki tem fundamento. A legislação brasileira permite que o médico exerça qualquer especialidade, mesmo que não tenha o título de especialista na área.

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O reflexo para a cirurgia plástica pode ser medido por uma pesquisa do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Entre 2001 e 2008, de acordo com dados do conselho, 97% dos médicos denunciados ao órgão por erros ou imperícia durante a realização de cirurgias plásticas não tinham o título de especialização na área.