O Instituto Butantan, centro de pesquisa biomédica vinculado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, começará a produzir, a partir de 2010, imunobiológicos a partir do fracionamento de plasma de sangue humano.
O Butantan é responsável pela produção de mais de 80% de vacinas e soros consumidos no Brasil. O governo estadual vai investir R$ 57 milhões para construir a Unidade de Processamento de Plasma, onde serão produzidos derivados do sangue como imunoglobulinas e albuminas. Hoje, esses procedimentos são realizados somente na Europa.
A fábrica será a primeira no mundo a produzir derivados do sangue a partir da técnica conhecida como cromatografia. O processo permite recuperar do plasma proteínas de interesse médico que antes eram descartadas pelo uso do álcool no processo tradicional. Algumas dessas proteínas podem ser usadas, por exemplo, no tratamento de bebês prematuros que precisam da substância conhecida como surfactante pulmonar, produzida normalmente nos pulmões humanos, mas que pode não ser produzida por bebês que nascem antes do previsto.
Atualmente, o plasma brasileiro é enviado para os Estados Unidos ou para a Europa, onde é processado em laboratórios especializados. Depois disso, o material volta para o país, onde, nos hospitais, é usado no tratamento de doenças que podem ser tratadas a partir de imunoglobulinas, como raiva e difteria.
O diretor do Instituto Butantan, Otávio Azevedo Mercadante, disse, em entrevista ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional, que a unidade de plasma vai beneficiar o país, tanto do ponto de vista econômico como tecnológico.
?Nós vamos passar a ter um produto que vai economizar divisas, pois deixará de ser um produto importado. Além disso, a nossa fábrica vai permitir que possamos substituir essas importações por produto de qualidade e que será produzido a partir do plasma brasileiro", disse.
Está previsto também que a Unidade de Processamento de Plasma produza o suficiente para exportar. ?A fábrica foi desenvolvida para exportar, por isso temos umas das mais avançadas tecnologias. Temos ainda profissionais que estudam o assunto há décadas e teremos um controle interno muito rigoroso?, afirmou o diretor.