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Brasil pode ter seu primeiro estilo próprio de cerveja

Catharine Sour pode se tornar o primeiro estilo de cerveja brasileiro. Foto: Karina Kuromiya
Catharine Sour pode se tornar o primeiro estilo de cerveja brasileiro. Foto: Karina Kuromiya

A 10ª edição do Festival Brasileiro da Cerveja, que é realizado até sábado (10) no Parque Vila Germânica, em Blumenau, é o maior evento do gênero na América Latina e se consolida como uma das principais vitrines da cerveja nacional.

Quem anda pelos corredores, entre muitas cervejas, se depara com placas verdes chamativas dizendo “Aqui tem Catharina Sour”. É um material preparado pela Associação das Cervejarias de Santa Catarina (ACASC) e distribuído entre cervejarias que fazem este que pode vir a se tornar o primeiro estilo brasileiro de cerveja.

A questão é polêmica. Mesmo entre os cervejeiros nacionais está longe de ser consenso. Mas independentemente disso é impossível não ver que as Catharinas Sours tomaram corpo e cresceram significativamente esse ano. A reportagem visitou cada um dos 133 estandes do evento e contou 16 que tinham Catharinas Sours, ou seja, 12% do total.

Outro fato que mostra esse crescimento foi a inclusão do Catharina Sour como uma nova categoria no regulamento do Concurso Brasileiro da Cerveja, o maior da América Latina e terceiro maior do mundo em número de inscrições. E foi um sucesso, na avaliação da coordenação, sendo o 8ª em número de inscrições com 58 amostras. Ao todo, são 148 categorias possíveis.

O Catharina Sour seria semelhante ao Berliner Weisse, estilo alemão de cervejas tradicional da região da capital do país europeu. Ele é feito com trigo, porém é leve e refrescante, tendo perfil ácido. As Catharinas Sours teriam álcool sutilmente mais alto e aproveitam essa base para acrescentar diversas frutas diferentes na receita.

No levantamento realizado, outros dez estandes apresentaram cervejas do estilo Berliner Weisse com frutas. Se somados aos 16 que declararam abertamente fazer Catharina Sour, a representatividade dessa tendência de cervejas ácidas de trigo com fruta chega a aproximadamente 20% da feira.

Estilo ou não?

Alexandre Mello, presidente da Associação das Cervejarias de Santa Catarina (ACASC) e sócio da Cervejaria Itajahy, explica que a ideia começou há dois anos entre algumas cervejarias do estado. “A ideia era criar algo para juntar os cervejeiros e fazer algo em comum”, diz. “A partir daí o negócio foi pegando e o pessoal começou a falar em estilo. Obviamente não é um estilo ainda. A intenção nunca foi essa. Mas quem sabe acabe efetivamente virando um com o tempo”, conta.

Mello fala que entende a polêmica que isso acabou se tornando. Há vários argumentos contra e a favor, alguns técnicos, outros históricos e até a respeito do nome. Catharina Sour acaba trazendo uma caráter regionalista e afetando a apreciação por parte de cervejeiros de outros estados. “Mas agora não faz sentido mudar isso”, diz.

Ele confessa que gostaria de ver esse estilo nos guias oficiais, mas sabe que isso não acontece simplesmente por iniciativas deliberadas. Para que ocorra, deve haver um reconhecimento por parte da comunidade internacional, críticos e especialistas de associações de cerveja mundiais. Mas essa não é uma preocupação. “A grande maioria está levando isso na esportiva. A maior preocupação é a gente tocar as nossas cervejarias e o nosso dia a dia. Se um dia virar estilo, beleza! Se não virar, também não há problema”, diz.

Para provar

A grande maioria das Catharinas Sours estão disponíveis apenas em chope na região que são produzidas. Em Curitiba, alguns bares especializados recebem esporadicamente esse tipo de produção. Poucas estão disponíveis em garrafa. A Cervejaria Blumenau envasa sua Catharina Sour Pêssego e a novidade do ano, Cathariana Sour Maracujá, premiada na categoria experimental no Concurso Brasileiro da Cerveja ano passado. A Lohn Bier, de Lauro Müller (SC), possui uma série grande disponível com várias frutas. A mais famosa é com uva goethe, vencedora do World Beer Awards de Londres na categoria frutas em âmbito mundial.

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