Um ano do acidente do Boeing da Gol com o Legacy, um ano de crise aérea, um ano de luto. As perdas das 353 famílias cujos parentes morreram, tanto no acidente de 29 de setembro de 2006 quanto no do Airbus da TAM, em 17 de julho, são incalculáveis. Não só chocaram o País como também expuseram as mazelas do sistema de controle do tráfego aéreo. Já as financeiras começam a ser contabilizadas agora.

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Nos últimos 365 dias, o Brasil perdeu cerca de R$ 3 bilhões – o mesmo valor do orçamento da saúde na cidade de São Paulo ou duas vezes mais do que é gasto anualmente pelo governo federal em projetos e pesquisas de ciência e tecnologia.

A estimativa foi feita a pedido do Estado pela empresa de consultoria econômica MB Associados – comandada pelo ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda José Roberto Mendonça de Barros – , especializada em análises macroeconômicas e setoriais. O trabalho levou em conta o prejuízo das empresas aéreas, do setor de turismo de lazer e de negócios. ‘O impacto da crise afetou toda a cadeia hoteleira, empresas de turismo e de restaurantes, além de reduzir os investimentos em diversos Estados’, diz o economista Sergio Vale autor da pesquisa. ‘O turismo de negócios certamente foi o mais afetado. Devemos cair da posição de sétimo maior receptor de eventos internacionais do mundo.

O prejuízo só em vôos domésticos foi calculado em R$ 250 milhões a R$ 300 milhões. As estimativas mostram que se perdeu quase 1 bilhão de passageiros-quilômetro (produto da quantidade de passageiros por km voado em cada trecho) por causa do caos na aviação. Em outras palavras, as empresas cresceram 6% no acumulado de 12 meses, quando poderiam ter chegado a 11,25% – índice próximo dos 12,6% de 2006.

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No caso dos vôos internacionais, a perda foi ainda maior. A queda de passageiros-km acumulada em 12 meses foi de 41,4%, utilizando-se apenas dados de empresas nacionais que fazem rotas internacionais. Pelas mesmas projeções, a MB chegou ao R$ 1,53 bilhão que se deixou de ganhar.

A crise aérea não afetou só os cofres das companhias aéreas brasileiras, mas também o resultado de cerca de 50 setores diferentes da economia que dependem dos turistas para sobreviver – dos táxis e restaurantes aos apartamentos da rede hoteleira e lojas comerciais. Segundo a MB Associados, todo o setor de turismo nacional acumulou uma perda de até R$ 1,3 bilhão por causa dos efeitos do apagão aéreo – número que pode crescer e ficar ainda mais preocupante neste fim de ano.

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Vale citar dados da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), que mostram que a venda de pacotes turísticos no primeiro semestre caiu entre 20% e 25% em relação a igual período de 2006. O turismo de negócio também saiu perdendo – só na cidade de Florianópolis, por exemplo, o número de eventos empresariais caiu 40% em um ano.